EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL PARA ATENDER EMERGÊNCIAS QUÍMICAS Marco Antonio José Lainha & Edson Haddad
Introdução | Objetivo | Considerações gerais | Classificação dos EPIs acordo com tipo de proteção | Considerações finais | Bibliografias consultadas
1. Introdução Um país não pode crescer se não possuir grandes parques e instalações de pólos petroquímicos que subsidiem matérias primas para a composição dos produtos necessários a manutenção da vida diária. O vazamento destes produtos para o meio ambiente tem sido ocasionado por aspectos humanos e materiais, envolvendo os vários segmentos que manipulam estes produtos, tais:
Os produtos perigosos tem gerado diversos riscos ao homem e ao meio ambiente, causando danos corporais, materiais e interrompendo a vida dos seres vivos. Neste sentido, o crescente número de acidentes envolvendo de produtos perigosos, vem preocupando consideravelmente as autoridades e segmentos envolvidos em todo o mundo. As ocorrências envolvendo produtos perigosos requerem cuidados especiais, bem como pessoal habilitado para o seu atendimento, tendo em vista riscos de inflamabilidade, toxidez e corrosividade que envolvem estes produtos, quando do vazamento e derrames acidentais, gerando atmosferas contaminadas por vapores e/ou gases. O atendimento de tais episódios geram diversos riscos a integridade física dos profissionais que desenvolve atividades nestes cenários . Neste sentido, nas emergências que envolvem produtos químicos, é de suma importância que os envolvidos utilizem Equipamentos de Proteção Individual EPIs, de acordo com os riscos apresentados pelos produtos envolvidos, tamanho do vazamento, locais atingidos e atividades a serrem realizadas. 2. Objetivo O objetivo deste trabalho é apresentar, de forma sucinta, os principais Equipamentos de Proteção Individual EPIs utilizados no atendimentos de emergências com produtos perigosos. 3. Considerações gerais Equipamento de Proteção Individual é todo dispositivo de uso individual, de fabricação nacional ou estrangeira, destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador. Os EPIs não reduzem o "risco e ou perigo", apenas adequam o indivíduo ao meio e ao grau de exposição. Quando usar? durante realização de atividades rotineiras ou emergenciais, de acordo com o grau de exposição. Como escolher? De acordo com as necessidades, riscos intrínsecos das atividades e parte do corpo a ser protegida. Observações:
4. Classificação dos EPIs acordo com tipo de proteção
4.1. Proteção cutânea: 4.1.1 - Roupas de proteção às substâncias químicas No que se refere ao atendimento de acidentes envolvendo substâncias químicas ,as roupas de proteção tem como finalidade proteger o corpo de produtos, o qual pode provocar danos a pele ou mesmo ser absorvido pela mesma ser absorvido pela mesma e afetar outros órgãos. Uma vez adequadamente selecionada e utilizada em conjunto com a proteção respiratória, a roupa protege os técnicos em ambientes hostis. Proteger os técnicos contra a exposição à pele requer o uso da mais efetiva roupa de proteção. É fundamental selecionar uma roupa confeccionada em material que apresente a maior resistência possível ao ataque de produtos químicos. O estilo da roupa é também importante e depende se o produto envolvido estiver presente no ar ou se a exposição à pele (contato com o produto) for direta ou através de respingos. Outros critérios para seleção devem ser considerados, incluindo a probabilidade da exposição, facilidade de descontaminação, mobilidade com a roupa, durabilidade da roupa e, em menor escala, o seu custo. Uma variedade de materiais de confecção está disponível para a fabricação das roupas de proteção. Cada um desses materiais fornece um grau de proteção à pele contra uma gama de produtos, mas nenhum material fornece a máxima proteção contra todos os produtos químicos. A roupa de proteção selecionada deve ser confeccionada em material que forneça a maior resistência contra o produto conhecido ou que possa estar presente. A seleção adequada da roupa de proteção pode minimizar o risco de exposição a produtos químicos, mas não protege contra riscos físicos tais como fogo, radiação e eletricidade. O uso de outros equipamentos de proteção também é importante para fornecer completa proteção aos técnicos. Proteção à cabeça é fornecida por capacetes rígidos; proteção para os olhos e face por óculos resistentes a impactos; proteção aos ouvidos é dada por protetores auriculares; e proteção aos pés e mãos é fornecida pelas botas e luvas resistentes a produtos químicos. Desta forma, este trabalho tem por finalidade auxiliar as equipes de atendimento a emergências no processo de seleção da roupa de proteção (modelo e tecido) mais adequada a ser utilizada quando da ocorrência de acidentes envolvendo substâncias químicas. Assim sendo, este trabalho foi dividido em duas partes, sendo que a primeira aborda as roupas de proteção química, enquanto que a segunda contempla luvas e botas. Classificação das roupas de proteção As roupas são classificadas por estilo, uso material de confecção. Estilo Roupa de encapsulamento completo: totalmente encapsulada, essa roupa é confeccionada em peça única que envolve (encapsula) totalmente o usuário. Botas, luvas e o visor estão integrados à roupa, mas podem ser removíveis. Se assim forem, essas partes são conectadas à roupa por dispositivos que a tornam à prova de gases e vapores. Até o ziper (fecho eclair) fornece perfeita vedação contra gases/vapores. Esta roupa é à prova de gases e deve, obrigatoriamente, ser submetida a testes de pressão para assegurar sua integridade. A proteção respiratória e o ar respirável são fornecidos por um conjunto autônomo de respiração com pressão positiva interno à roupa, ou por uma linha de ar mandado que mantém pressão positiva dentro da mesma. A roupa de encapsulamento é utilizada para, principalmente, proteger o usuário contra gases, vapores e partículas tóxicas no ar. Além disso, protege contra respingos de líquidos. A proteção que a roupa fornece contra uma substância química depende do material utilizado para a sua confecção. Uma vez que não existe ventilação, há sempre o perigo de acúmulo de calor, podendo resultar numa situação de risco para o usuário. Devido a complexidade, o usuário precisa ser auxiliado na colocação da roupa. Há uma grande variedade de acessórios que podem ser utilizados em conjunto com esta roupa, visando dar conforto e praticidade operacional, como por exemplo colete para refrigeração, sistema de rádio e botas com tamanho dois números acima do usual. Roupa não encapsulada: a roupa de proteção a substâncias químicas não encapsulada, normalmente chamada de roupa contra respingos químicos, não apresenta a proteção facial como parte integrante. Um conjunto autônomo de respiração ou linha de ar pode ser utilizado externamente à roupa, assim como máscara com filtro químico. A roupa contra respingos pode ser de dois tipos: uma peça única, do tipo macacão, ou conjunto de calça e jaqueta. Qualquer um dos tipos acima pode incluir um capuz e outros acessórios. A roupa não encapsulada não foi projetada para fornecer a máxima proteção contra gases, vapores e partículas mas apenas para proteção contra respingos. Na verdade, a roupa contra respingos pode ser completamente vedada com a utilização de fitas de vedação nos pulsos, tornozelos e pescoço não permitindo a exposição de qualquer parte do corpo; no entanto, tal roupa não é considerada à prova de gás, mas pode ser um bom substituto da roupa de encapsulamento completo se a concentração do produto envolvido estiver baixa e o material não for extremamente tóxico por via dérmica. Uso Uma terceira classificação é a roupa de uso único ou descartável. Esta classificação é relativa e baseia-se no custo, facilidade de descontaminação e qualidade da confecção. É normalmente considerada roupa de proteção química descartável aquela que custa menos de US$ 25,00 por peça. Em situações onde a descontaminação é um problema, roupas mais caras podem ser consideradas descartáveis. Requisitos de desempenho para roupas de proteção química ários requisitos de desempenho devem, obrigatoriamente, ser considerados na seleção do material de proteção adequado. Sua importância relativa é determinada pela atividade a ser executada e condições específicas do local. Os requisitos de desempenho são:
Resistência química A eficácia dos materiais na proteção contra produtos químicos está baseada na sua resistência a penetração, degradação e permeação. Cada uma destas propriedades deve ser avaliada quando da seleção do estilo da roupa de proteção e do material que é feita. Penetração Penetração é o transporte do produto através de aberturas na roupa. Uma substância pode penetrar devido ao projeto ou imperfeições na roupa. Pontos de costura, orifícios de botões, zipers e o próprio tecido podem permitir a penetração do produto. Uma roupa bem projetada e confeccionada previne a penetração através da existência de zipers selados, juntas vedadas com fita colante e não utilização de tecidos. Rasgos, furos, fissuras ou abrasão à roupa também permitem a penetração. Degradação Degradação é uma ação química envolvendo uma ruptura molecular do material devido ao contato com uma substância. A degradação é evidenciada por alterações físicas do material. A ação do produto pode causar ao material a sua contração ou expansão, torná-lo quebradiço ou macio ou ainda alterar completamente suas propriedades químicas. Outras alterações incluem uma leve descoloração, superfície áspera ou pegajosa ou rachaduras no material. Tais alterações podem aumentar a permeação ou permitir a penetração do contaminante. Informações sobre os testes de degradação para substâncias específicas em classes de produtos estão disponíveis nos fabricantes e fornecedores de roupas de proteção. Tais dados fornecem ao usuário uma taxa de resistência à degradação, a qual é subjetivamente expressa como excelente, boa, fraca e pobre conforme mostra a tabela 1. Os dados de degradação podem ajudar na determinação da capacidade de proteção de um material mas não devem substituir os dados do teste de permeação. A razão para tal é que um material com excelente resistência à degradação pode ser classificado como fraco em permeação. Portanto, degradação e permeação não estão diretamente relacionadas e não podem ser intercambiadas. Permeação Permeação é uma ação química envolvendo a movimentação de uma substância, a nível molecular, através de um material. É um processo que envolve a sorção (adsorsão e absorção) de uma substância na superfície externa, difusão e desabsorção da substância da superfície interna do material de proteção. Dessa forma, é estabelecido um gradiente de concentração: alto no lado externo e baixo no interno. Uma vez que a tendência é atingir a concentração de equilíbrio, forças moleculares conduzem a substância ao interior do material em direção a áreas sem ou com baixa concentração. Finalmente o maior fluxo de permeação química ocorre e torna-se constante. A permeação é medida como uma taxa. Taxa de permeação é a quantidade de substância que se moverá através de uma área do material de proteção num dado tempo. É normalmente expressa em microgramas de produto permeado por centímetro quadrado por minuto de exposição (µg/cm2/min). Muitos são os fatores que influenciam a taxa de permeação, incluindo o tipo do material e a sua espessura. Uma regra geral é que a taxa de permeação é inversamente proporcional a espessura. Outros fatores importantes são a concentração da substância, tempo de contato, temperatura, umidade e solubilidade do material nas substâncias químicas.
Outra medida da permeação é feita através do tempo de passagem, expresso em minutos. Tempo de passagem através da roupa é o tempo decorrido entre o contato inicial de uma substância com a superfície externa de um material e a sua detecção na superfície interna. Assim como a taxa de permeação, o tempo de passagem é específico para cada substância e material e é influenciado pelos mesmos fatores. Como regra geral, o tempo de passagem é diretamente proporcional ao quadrado da espessura. Os dados referentes a taxa de permeação e tempo de passagem são fornecidos pelos fabricantes. Embora exista metodologia padrão da ASTM - American Standard for Testing Materials para testes de permeação, existem diversas e consideráveis variações nos dados fornecidos pelos fabricantes, quanto a espessura e qualidade do material, processo de fabricação, temperatura, concentração das substâncias e método analítico. O melhor material de proteção a uma substância específica é aquele que apresenta nenhuma ou baixa taxa de permeação e longo tempo de passagem através da roupa. No entanto, estas propriedades não devem ser correlacionadas, ou seja, um longo tempo de passagem não significa, necessariamente, uma baixa taxa de permeação e vice-versa. O valor desejado é, normalmente, um longo tempo de passagem através da roupa. Material de confecção As roupas de proteção contra produtos químicos também são classificadas de acordo com o material utilizado para a confecção. Todos os materiais podem ser agrupados em duas categorias: elastômeros e não elastômeros. Elastômeros: são materiais poliméricos (como plásticos), que após serem esticados, retornam praticamente à forma original. A maioria dos materiais de proteção pertence a esta categoria, que inclui: cloreto de polivinila (PVC), Neoprene, polietileno, borracha nitrílica, álcool polivinílico (PVA), viton, teflon, borracha butílica e outros. Os elastômeros podem ser colocados ou não em camadas sobre um material semelhante a pano. Não elastômeros: são materiais que não apresentam a característica da elasticidade. Esta classe inclui o tyvek e outros materiais. Materiais de proteção Há uma grande variedade de materiais de proteção. A relação abaixo apresenta os materiais mais comuns utilizados em roupas de proteção divididos em elastômeros e não elastômeros. Os termos "bom para" e "fraco para" representam dados para taxa de permeação e tempo de passagem através da roupa. Estes são normalmente recomendados; no entanto, existem muitas exceções dentro de cada classe de substâncias químicas.
Níveis de proteção As equipes de atendimento às emergências devem utilizar os equipamentos de proteção individual sempre que houver a possibilidade de contato com substâncias perigosas que possam afetar a sua saúde ou segurança . Isso inclui vapores, gases ou partículas que podem ser gerados em virtude das atividades no local do acidente promovendo, desta forma, o seu contato com os componentes da equipe. A máscara facial dos equipamentos autônomos de respiração protege as vias respiratórias, aparelho gastrintestinal e os olhos do contato com tais substâncias. A roupa de proteção protege a pele do contato com substâncias que podem destruir ou ser absorvidas pela pele. Os equipamentos destinados a proteger o corpo humano do contato com produtos químicos foram divididos, pelos americanos (NFPA 471), em quatro níveis de acordo com o grau de proteção necessário, conforme segue.
Deve ser utilizado quando for necessário o maior índice de proteção respiratória, a pele e aos olhos. É composto de:
Deve ser utilizado quando for necessário o maior índice de proteção respiratória, porém a proteção para a pele encontra-se num grau inferior. É composto de:
Deve ser utilizado quando se deseja um grau de proteção respiratória inferior ao Nível B, porém com proteção para a pele nas mesmas condições. É composto de:
Fonte: Personal do Brasil Equipamentos de Proteção Individual Ltda.
Deve ser utilizado somente como uniforme ou roupa de trabalho e em locais não sujeitos a riscos ao sistema respiratório ou a pele. Este nível não prevê qualquer proteção contra riscos químicos. É composto de:
Fonte: Personal do Brasil Equipamentos de Proteção Individual Ltda. Seleção e uso da roupa de proteção Seleção da roupa de proteção A seleção da roupa de proteção mais adequada é uma tarefa mais fácil quando o produto químico é conhecido. A seleção torna-se mais difícil quando não se conhece o produto envolvido ou quando se trata de uma mistura de produtos, conhecidos ou não. Outra séria dificuldade no processo de seleção da roupa de proteção é o fato de não haver informação disponível sobre a qualidade da proteção oferecida pelos materiais utilizados na confecção da roupa contra a grande variedade de produtos químicos existentes. O processo de seleção da roupa consiste em:
Apesar das diversas variáveis existentes, em muitas situações será possível selecionar a roupa de proteção mais adequada baseado no cenário e na experiência da equipe. Como exemplo encontram-se listadas abaixo algumas condições para a seleção do nível de proteção mais apropriado. Nível A de proteção Escolha o Nível A de proteção sempre que:
Nível B de proteção Escolha o Nível B de proteção sempre que:
Nível C de proteção Escolha o Nível C de proteção sempre que:
Nível D de proteção Escolha o Nível D de proteção sempre que:
Conforme pode ser observado o nível de proteção utilizado pode variar de acordo com o trabalho a ser realizado. No entanto, para a primeira avaliação do cenário acidental o nível mínimo de proteção recomendado é o B. Cada nível de proteção apresenta suas vantagens e desvantagens para utilização. Geralmente, quanto maior o nível de proteção maior é o desconforto da roupa. A determinação do nível de proteção deve estar fundamentada, primeiramente, na segurança do técnico sendo o objetivo principal fornecer-lhe a proteção mais adequada com a máxima mobilidade e conforto. Outros fatores devem ainda ser considerados na escolha do nível de proteção mais adequado, entre eles:
O monitoramento da concentração de gás ou vapor presente na atmosfera também pode auxiliar na seleção do nível de proteção mais adequado. A tabela 2 fornece o nível de proteção de acordo com a concentração de gás ou vapor desconhecido no ambiente. Critérios para escolha e uso de roupas de proteçã
Observação: Todos os trajes de proteção anteriormente apresentados, não devem "nunca" ser utilizados diretamente sobre a pele. Para situações onde não se conhece o contaminante, porém através de equipamentos de monitoramento tal como um fotoionizador, pode ser estimar a concentração de vapores na atmosfera, é possível selecionar um nível de proteção mais apropriado, conforme tabela abaixo: Nível de proteção x concentração de gás ou vapor desconhecido
Nos acidentes onde não se conhece o produto envolvido, ou este não foi ainda identificado, a seleção do estilo da roupa a ser utilizada deverá ser baseada nas condições do cenário envolvido. As condições abaixo indicam a necessidade de utilização da roupa de encapsulamento completo:
Situações desconhecidas requerem bom planejamento quanto a necessidade de utilização da máxima proteção (encapsulamento completo) ou de um conjunto calça/jaqueta, ou do tipo macacão. Uso da roupa de proteção Após determinar o tipo de roupa a ser utilizada, a próxima etapa é selecionar o material de proteção. Os fabricantes dos materiais utilizados na confecção das roupas podem, algumas vezes, fornecer dados sobre a resistência química do material. No entanto, sempre haverá limitações nessas informações, visto que não é possível testar o material para o grande número de substâncias químicas existentes. A permeação é o principal critério de seleção. O melhor material de proteção contra uma substância específica é aquele que apresenta nenhuma ou pequena taxa de permeação e um longo tempo de passagem através da roupa e que tenha sido confeccionado sem imperfeições de projeto. A degradação, por sua vez, é uma informação menos útil. É uma determinação qualitativa da capacidade do material suportar o ataque de uma substância, sendo normalmente expressa em unidades subjetivas como excelente, bom, fraco, ou termos similares. Os dados de degradação só devem ser utilizados para auxiliar na seleção do material se nenhum outro dado estiver disponível. Nas situações onde o material de proteção não puder ser escolhido devido às incertezas quanto a sua resistência química, as considerações abaixo devem ser observadas:
Decidir se a roupa de encapsulamento completo deve ou não ser utilizada pode não ser tão evidente. Se, de acordo com a situação, qualquer estilo da roupa puder ser utilizado, outros fatores devem ser considerados:
Precauções anteriores ao uso da roupa de proteção Antes de utilizar o Nível A de proteção, devem ser tomadas as seguintes precauções:
A percepção do odor é também um indicador de falha na vedação da roupa de proteção. Outros cuidados devem ainda ser adotados com relação à roupa interna, a ser utilizada sob a roupa de encapsulamento, tais como:
4.1.2 - Luvas de Proteção às Substâncias Químicas Luva é a forma mais comum de roupa de proteção. Atualmente há uma grande variedade de produtos e materiais de muitos fabricantes e importadores no mercado brasileiro. Nem sempre é fácil decidir quanto a luva mais adequada a ser utilizada para uma determinada atividade. Antes da correta seleção da luva deve-se compreender algumas diferenças básicas entre elas. Os materiais mais utilizados na confecção de luvas de proteção, encontram-se listados abaixo:
A espessura do material de confecção da luva é um fator importante a ser considerado no processo de seleção. Para uma dada espessura, o material (polímero) selecionado tem uma grande influência no nível de proteção fornecida pela luva. Para um polímero, uma maior espessura fornecerá uma proteção melhor, se a subsequente perda de destreza (devido a espessura da luva) puder ser tolerada de forma segura, para aquela atividade. Aditivos são normalmente utilizados como matéria-prima de modo a atingir as características desejadas do material. Devido a tal fato, há certa variação na resistência química e no desempenho físico de luvas confeccionadas com o mesmo polímero, mas de fabricantes distintos. Outros fatores de desempenho devem ser considerados quando da seleção de luvas de proteção, tais como a resistência à permeação, flexibilidade, resistência a danos mecânicos e a temperatura. Da mesma forma que nas roupas de proteção, a seleção da luva deve levar em consideração tanto a permeação como a degradação do material. A permeação química pode ser compreendida de forma simples, através da comparação do que ocorre com um balão (bexiga) após algumas horas. Embora não existam furos ou defeitos e o balão esteja bem selado, o ar contido no seu interior passa (permeia) através de suas paredes e escapa. Neste simples exemplo foi abordada a permeação de um gás, sendo que o princípio é o mesmo para os líquidos, pois com estes a permeação também ocorre. Os testes de permeação são importantes pois fornecem uma informação segura para o manuseio de substâncias químicas. Por muitos anos, a seleção de luvas baseou-se somente nos dados de degradação, mas algumas substâncias permeiam rapidamente através de certos materiais os quais apresentam boa resistência a degradação. Isto significa que os usuários podem ficar expostos mesmo quando acreditam que estão adequadamente protegidos. Os materiais de confecção da luva de proteção podem enrijecer, endurecer e tornarem-se quebradiços, ou podem amolecer, enfraquecer e inchar muito além do seu tamanho original. Embora os testes de resistência à degradação não devam ser considerados como suficientes para a escolha da luva é um dado essencial para a segurança do usuário. Testes para determinar a qualidade das luvas Os testes de resistência a degradação e a permeação foram padronizados pela ASTM e são, basicamente, conforme segue:
Uma amostra do material de confecção de uma luva ou roupa de proteção é fixada numa célula de teste como se fosse uma membrana, conforme a figura 2 . O lado externo da amostra é exposto à substância química. Em intervalos pré-determinados, o lado interno da célula de teste é verificado no sentido de identificar se houve a permeação química e em que intensidade. A metodologia de teste permite uma variedade de opções nas técnicas analíticas de coleta e análise do produto permeado. A cromatografia gasosa com detecção por ionização de chama, como método de análise e nitrogênio seco como meio de coleta são as técnicas normalmente utilizadas. Quando da realização de teste para ácidos e bases inorgânicos, detectados pelo processo acima mencionado, é utilizado neste caso um método colorimétrico padronizado pela ISO - International Standard Organizacional. O meio de coleta é a água e a detecção é feita pela troca de cor de um papel indicador de pH.
Para execução deste teste são obtidos filmes (películas) do material a ser testado. Estes filmes são pesados, medidos e completamente submersos na substância química por 30 minutos. Em seguida, determina-se a alteração do tamanho, expressa em porcentagem, sendo que, posteriormente, os filmes são secados de modo a calcular a porcentagem da alteração do tamanho e do peso. As alterações físicas também são observadas e registradas. A avaliação é baseada na combinação desses dados. É importante lembrar que a permeação e a degradação são afetadas com a variação da temperatura, principalmente com o seu aumento. Uma vez que os dados obtidos dos testes são válidos para temperaturas entre 20 e 25ºC, devem ser adotados cuidados quando da utilização de luvas em líquidos aquecidos, pois haverá uma brusca redução na resistência do material. Misturas de substâncias químicas também alteram significativamente a resistência dos materiais. Por exemplo, o tempo de passagem da acetona através de laminado viton/clorobutil é de 53 - 61 minutos, enquanto que o hexano não permeia este material em 3 horas. No entanto, a combinação de acetona e hexano resulta numa redução do tempo de passagem para 10 minutos. O sinergismo dessas substâncias não pode ser explicado em termos de efeitos individuais sobre o material. A tabela em anexo contém os dados de resistência a degradação e permeação de luvas de proteção. As tabelas apresentam dados de testes de permeação para as seis principais luvas de proteção química: álcool polivinílico, látex, viton, borracha nitrílica (NBR), borracha butílica e neoprene. Estas tabelas fornecem a família química com diversos tempos de passagem para as principais luvas citadas acima. Estes dados devem ser utilizados no processo de seleção da luva apenas como um guia inicial. Quando nenhum dado de desempenho estiver disponível, a saúde e segurança dos técnicos dependerá do julgamento profissional do usuário. A maneira mais segura e recomendada para a seleção da luva (e roupa), principalmente para substâncias tóxicas ou altamente tóxicas, é a realização de testes em laboratórios. Família química com tempo de passagem através da luva de 0 - 10 minutos para diversos materiais
Família química com tempo de passagem através da luva de 300 - 480 minutos para diversos materiais
Comprimento das luvas O comprimento de uma luva de proteção também é outro aspecto a ser considerado no processo de seleção. O comprimento adequado depende do serviço a ser realizado e do grau de proteção desejado. O comprimento é medido a partir da extremidade do dedo do meio até a outra extremidade da luva, enquanto que o seu tamanho é medido pelo perímetro da palma da mão. A tabela abaixo, apresenta alguns comprimentos típicos de luvas e a proteção oferecida. Comprimentos típicos de luvas e proteção oferecida
Inicialmente, muitos fabricantes de roupas herméticas (encapsuladas) incorporaram as luvas como parte permanente da roupa de proteção. No entanto, esta não foi uma boa prática visto que a forma da luva, o tempo necessário para o seu reparo e reposição quando da troca e os procedimentos para a descontaminação eram afetados, reduzindo desta forma a disponibilidade da roupa. Atualmente, a maioria dos fabricantes fornece roupas de proteção de encapsulamento completo com luvas removíveis. As luvas são conectadas à roupa através da utilização de anéis de vedação, os quais também não permitem a passagem de gás e vapor para o interior da roupa. Em muitas situações é aconselhável a utilização de um par de luvas adicional, a ser colocado sobre a luva de proteção de modo a fornecer a segurança necessária de acordo com o serviço a ser realizado. Também é uma boa prática de trabalho utilizar luvas descartáveis (tipo cirúrgicas) sob a luva de proteção visando aumentar o tato e a sensibilidade. Alguns tipos de roupas apresentam uma proteção especial contra respingos nas luvas e botas. Trata-se, na realidade, de uma segunda manga, a qual é sobreposta à luva ou bota de proteção. Permeação: tempo de passagem através do material Este tempo indica o menor tempo observado desde o início do teste até a primeira detecção da substância no outro lado da amostra do material. Representa o tempo esperado para que o material ofereça a mais efetiva resistência contra a substância. 4.1.3. Botas de Proteção às Substâncias Químicas Até recentemente as botas de proteção comercialmente disponíveis eram confeccionadas somente em PVC ou borracha. Devido as necessidades do mercado, os fabricantes desses materiais vêm desenvolvendo um elevado número de misturas de polímeros que são mais resistentes às substâncias químicas. Muitos problemas estão relacionados com a utilização de novas misturas de polímeros devido ao complicado processo de moldagem por injeção para a fabricação das botas. Cuidados devem ser ainda observados quando as botas entram em contato com substâncias químicas, uma vez que estas podem agir como uma "esponja química" (absorção da substância), resultando na exposição do usuário. As botas mais simples são produzidas através do processo de moldagem por injeção de único estágio. O aspecto da bota é semelhante às botas de borracha contra chuvas, e são fabricadas em neoprene e borracha butílica. Devido ao processo de único estágio, o solado da bota é feito com o mesmo material, sendo, no entanto, mais espesso. Isso significa que as características de tração e desgaste da sola não são as mais adequadas. De modo a fornecer um produto mais funcional e durável, foi desenvolvido um processo de moldagem por injeção de dois estágios. Isso permite a fabricação de um produto de baixo peso na sua parte superior com um solado com alta resistência ao desgaste e boa tração. Este processo também resulta numa bota mais apropriada e com uma maior resistência química. Estas botas estão disponíveis em PVC e PVC/borracha nitrílica. Botas confeccionadas à mão estão disponíveis em vários tamanhos de modo a fornecer uma melhor adaptação e conforto. Estas botas são confeccionadas em estágios com um grande número de componentes, o que as tornam propensas a atuar como "esponja química". Outros estilos de botas estão disponíveis, confeccionadas em neoprene e diversas formulações de borracha. Todos os conceitos já apresentados em roupas e luvas (permeação, degradação, penetração e outros) podem ser aplicados às botas, ressaltando-se apenas que a proteção oferecida por estas não é somente devido ao material de confecção, mas também pela espessura do solado, o qual permite, para a maioria dos casos, um tempo de contato mais prolongado quando comparado a luvas e roupas confeccionadas com o mesmo material. 4.2 - Proteção Respiratória Introdução Proteger o homem contra os riscos representados por elementos respiráveis nocivos à saúde presentes no ar atmosférico, é fonte de preocupação há muitos séculos em nossa sociedade. A utilização de bexiga animal como filtro protetor contra poeiras em minas romanas no século I; posteriormente o grande avanço durante a primeira guerra mundial, quando desenvolveram-se equipamentos de proteção respiratória para fazer frente aos gases tóxicos utilizados com fins bélicos, e finalmente nos dias atuais onde dispomos de equipamentos eficazes e totalmente independentes do ar atmosférico, são indicativos da importância dos dispositivos que propiciam proteção respiratória em ambientes adversos. O sistema respiratório é a principal via de contato com substâncias nocivas. Apesar de possuir defesas naturais, o grau de tolerância do homem para exposição a gases tóxicos, vapores, partículas ou ainda a deficiência de oxigênio, é limitado. Algumas substâncias podem prejudicar ou mesmo destruir partes do trato respiratório, outras podem ser absorvidas pela corrente sangüínea gerando danos aos demais órgãos do corpo humano. Nos acidentes envolvendo produtos químicos perigosos, onde a liberação de materiais tóxicos para a atmosfera pode gerar altas concentrações, é fundamental a proteção das equipes de atendimento, pois muitas vezes os índices de contaminantes no ar podem ser imediatamente letais. O conhecimento apurado dos riscos oferecidos por um determinado produto químico, as condições específicas do local e as limitações do operador e dos equipamentos nortearão a seleção do sistema de proteção respiratória mais adequado para propiciar a segurança necessária às equipes de atendimento nas situações emergenciais. Na descrição dos equipamentos de proteção optou-se por citar os recursos básicos encontrados nos vários modelos existentes no mercado. Detalhamento de dispositivos ou recursos adicionais de cada fabricante, não foram contemplados. Inicialmente será abordado os riscos mais comuns nos episódios emergenciais, numa segunda etapa serão descritos os tipos de aparelhos de proteção respiratória, diretrizes para seleção e uso, as limitações e as recomendações práticas para a utilização. Objetivo Este trabalho tem por finalidade propiciar a equipes de atendimento emergencial o conhecimento básico sobre a proteção respiratória nas situações de emergência envolvendo produtos químicos perigosos. Riscos respiratórios Risco respiratório é toda alteração das condições normais do ar atmosférico que interfere no processo da respiração, gerando consequentemente danos ao organismo humano. A presença de gases contaminantes, materiais particulados em suspensão no ar ou mesmo a variação da concentração de oxigênio no ar, representam riscos comumente encontrados pelas equipes empenhadas nos atendimentos aos episódios emergenciais envolvendo produtos químicos perigosos. Os efeitos gerados pela exposição humana a tais condições vão desde a simples irritação das vias aéreas até o comprometimento das funções vitais ocasionando a morte. Para efeito deste trabalho serão abordados os riscos respiratórios, dividindo-os em dois grupos: a deficiência de oxigênio e os contaminantes do ar atmosférico. Antes de serem abordados os tópicos acima, uma breve explanação sobre a composição do ar e o consumo humano de oxigênio, torna-se necessária. Composição do ar atmosférico O ar atmosférico, em condições normais, é composto por gases para os quais o organismo humano está devidamente adaptado. A tabela abaixo apresenta o percentual em volume desses gases no ar, considerando-o isento de umidade. Composição do ar atmosférico
Observação: A rigor não existe ar atmosférico que não contenha umidade. Na presença de 1% de vapor d'água, correspondente a 50% de umidade relativa do ar a 20º, permanecem apenas 99% de ar seco. Já, para 3% de vapor d'água, correspondente a 100% de umidade relativa no ar a 24º, tem-se uma parcela de 97% de ar seco. A temperatura do ar é outro fator que o torna respirável, pois alterações extremas ocasionarão queimaduras ou congelamento das vias respiratórias e pulmões. Consumo de ar O consumo de ar pelo homem é mensurado através do volume respiratório por minuto, representado pelo volume corrente normal (500 ml), multiplicado pela freqüência respiratória normal (cerca de 12 por minuto). Tem-se então que o volume respirado num minuto eqüivale a 6 litros de ar. Esse consumo pode variar em função da demanda de ar disponível, do estado psicológico e do esforço físico desempenhado. Em qualquer uma dessas situações são promovidas alterações na profundidade da respiração, com aumento do volume respirado, e na freqüência respiratória com aumento dos ciclos (inspiração/expiração) por minuto, visando suprir a necessidade de oxigênio do organismo. A tabela abaixo compara o incremento no consumo de ar com o oxigênio, em função da intensidade de esforço físico desempenhado. De forma geral, pode-se concluir que a capacidade pulmonar e as variações no consumo de oxigênio determinam a ventilação alveolar e por conseguinte o nível de oxigenação sangüínea, refletindo no desempenho funcional do organismo como um todo. Consumo de ar
Fonte: Proteção Respiratória Completa (Manual), Drager - Lubeca Deficiência de oxigênio O volume parcial de oxigênio em relação à composição total do ar é sempre constante (20,93%), porém em circunstâncias específicas esse percentual pode sofrer redução. Os efeitos dessa redução sobre o organismo estão diretamente ligados à pressão exercida pelo oxigênio sobre os alvéolos pulmonares. Em termos gerais, pode-se dizer que o oxigênio exerce uma pressão sobre os alvéolos, possibilitando a troca gasosa entre estes e as hemácias da corrente sangüínea. Isto significa dizer que ao diminuir a quantidade de oxigênio presente no ar tem-se menor pressão alveolar. Com, isso o teor de oxigênio nas hemácias é menor, comprometendo a oxigenação dos demais tecidos e órgãos, sendo que, paralelamente, há um incremento da taxa de CO2 na corrente sangüínea e nas células dos tecidos. A pressão parcial do oxigênio (PPO2) também é afetada pela pressão atmosférica total. Esta é de 760 mmHg ao nível do mar, sendo a PPO2 de 159 mmHg, condição esta considerada ideal para a respiração. Há uma diminuição progressiva da pressão total com o aumento da altitude. Altitudes superiores a 4240 metros são consideradas imediatamente perigosas à vida e à saúde, já que neste nível tem-se uma pressão atmosférica de 450 mmHg implicando numa PPO2 de 95 mmHg. Saliente-se que pessoas aclimatizadas às grandes altitudes não sofrem esses efeitos, pois o organismo realiza mudanças compensadoras nos sistemas cardiovascular, respiratório e formador do sangue. A tabela abaixo que segue compara a redução do volume de oxigênio com a redução da PPO2, ao nível do mar, e seus efeitos sobre o homem. Concentração de oxigênio e os riscos para a saúde
Fonte: Revista CIPA No 172 Por outro lado, em condições de pressão atmosférica elevada haverá maior absorção sangüínea dos gases que compõem o ar e concomitantemente pelas células dos tecidos. Com a redução da pressão esses gases tendem a ser liberados, daí os problemas de embolia gasosa e morte gerados pelo nitrogênio quando da redução brusca da pressão. O aumento da pressão atmosférica por si só, pode gerar danos como os descritos a seguir: a) acima de 4 atmosferas*, o nitrogênio causa efeitos narcóticos; b) a 5 atmosferas, o oxigênio, em concentração normal, causa irritação nos pulmões; c) a 15 atmosferas, o ar pode ser tolerado por apenas 3 horas. (*) 1 atmosfera = 1 bar = 760 mmHg (ao nível do mar). Causas geradoras da deficiência de oxigênio Neste item estão abordados os casos normalmente encontrados nos atendimentos emergenciais que podem ocasionar a redução na concentração de oxigênio contida no ar. Embora cada cenário tenha suas características particulares que deverão ser observadas, podem-se adotar como causas básicas da deficiência de oxigênio, as descritas a seguir:
Os materiais orgânicos destes ambientes também estão sujeitos à oxidação natural, contribuindo para a diminuição da concentração de oxigênio. Os despejos industriais podem conter gases que por si só deslocam o ar.
Considerações gerais Nos atendimentos às emergências com produtos perigosos, utiliza-se como valor limite de segurança a concentração, internacionalmente aceita de 19,5% em volume de oxigênio, pois fica implícito que qualquer redução na concentração normal de oxigênio, implica no aumento da concentração de outro gás. Assim, a redução de 1% em volume de oxigênio no ar (equivalente a 10.000 ppm) representa um aumento de 1% em volume na concentração de outra substância, muitas vezes desconhecida, o que pode significar uma situação de alto risco. A avaliação quantitativa da concentração de oxigênio no ar é fator preponderante na seleção dos métodos eficazes de proteção respiratória. Aparelhos específicos fornecem o percentual em volume de oxigênio em determinado ambiente. A análise dos dados obtidos permite a identificação de condições prejudiciais ou mesmo letais ao homem. Ar respirável em condições normais significa:
Contaminantes São todas substâncias alheias à composição normal do ar atmosférico, que podem gerar irritações ou danos ao organismo humano. Embora em muitos casos não sejam perceptíveis à visão e olfação, podem estar presentes nos vários cenários com que se deparam as equipes de emergência. Os contaminantes são comumente divididos em dois grupos: os gasosos e os particulados, também conhecidos como aerodispersóides. Contaminantes gasosos São representados pelos gases propriamente ditos e pelos vapores. Os gases são substâncias químicas que se encontram no estado gasoso em pressão e temperatura ambiente. Possuem grande mobilidade e misturam-se facilmente ao ar atmosférico. Vapor é o estado gasoso de substâncias que em condições de pressão e temperatura ambiente, são líquidas ou sólidas. A emanação de vapor ocorre pelo aumento da temperatura ou pela redução da pressão. As defesas naturais das vias respiratórias oferecem certa proteção contra os riscos gerados pela inalação dessas substâncias, quer seja através da filtragem de parte dos gases e vapores, como pela atuação do revestimento mucoso, onde serão absorvidos. Devido à grande mobilidade das moléculas gasosas, a penetração no trato respiratório é facilitada, atingindo diretamente os alvéolos onde são absorvidas pela corrente sangüínea. Na seqüência são abordadas as características químicas e toxicológicas dos contaminantes gasosos. Aerodispersóides Aerodispersóide é um termo usado para descrever os contaminantes na forma particulada (sólida ou líquida). São pequenas partículas em suspensão no ar, muito maiores que uma molécula. Os danos que causam ao organismo quando inalados dependem de suas características, tais como: tamanho, forma, densidade e propriedades físicas e químicas. Apesar das defesas naturais do sistema respiratório abordadas anteriormente, muitas partículas podem atingir as porções mais internas dos pulmões. Critérios de avaliação A avaliação dos riscos representados pelos contaminantes é feita com base nas aferições de concentração obtidas por aparelhos de medição. Em algumas circunstâncias, além dos gases e vapores pode haver o risco associado a aerodispersóides, quando deverão ser adotadas medidas de segurança adicionais. Genericamente, pode-se dizer que os principais tópicos a serem observados quanto ao risco dos contaminantes, são:
Equipamento de Proteção respiratória São equipamentos destinados a proteger o usuário dos riscos representados pela presença de contaminantes no ar ambiente. O método pelo qual eliminam ou diminuem o risco respiratório baseia-se fundamentalmente na utilização de uma peça facial que isola o usuário do ar contaminado e de um sistema de purificação ou de suprimento de ar respirável. O sistema de purificação consiste basicamente de um elemento filtrante que retém o contaminante e permite a passagem do ar purificado. Já o sistema de suprimento de ar, fornece ar respirável ou oxigênio a partir de uma fonte independente da atmosfera contaminada. Tipos de Equipamentos de Proteção Respiratória Dependentes: São máscaras faciais ou semi faciais que atuam com elementos filtrantes, removendo do ambiente contaminado o ar necessário para respiração. Esses equipamentos possuem algumas restrições quanto ao uso, dentre as quais pode-se destacar:
Independentes Normalmente, são conjuntos autônomos portáteis ou linhas que fornecem o ar necessário ao usuário, independentemente das condições do ambiente de trabalho (grau de contaminação). Propiciam o isolamento do trato respiratório do usuário da atmosfera contaminada. QUADRO GERAL DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA
Elemento filtrante Os elementos filtrantes (filtros) são confeccionados de materiais apropriados para a remoção de contaminantes específicos. De acordo com o contaminante a ser removido, os filtros podem ser do tipo químico, mecânico ou combinado (mecânico e químico). a) Filtro mecânico É utilizado para a proteção contra materiais particulados, sendo normalmente confeccionado em material fibroso, cujo entrelaçamento microscópico das fibras retém as partículas e permite a penetração do ar respirável. Segundo o Projeto de Norma 2:11-03-006 ABNT, os filtros mecânicos podem ser classificados em função de sua capacidade de filtração, conforme descrito a seguir:
Obs: A proteção propiciada por uma determinada classe de filtros compreende também a proteção fornecida pelo filtro da classe anterior. Aparelhos Purificadores Equipamentos com filtros mecânicos - Máscaras contra suspensões particuladas (respiradores): Características:
Observações:
Limitações:
b) Filtro químico É o filtro utilizado para a proteção contra gases e vapores. O processo de funcionamento baseia-se na adsorsão dos contaminantes gasosos por meio de um elemento filtrante, normalmente o carvão ativo. Alguns filtros químicos utilizam adicionalmente elementos químicos (sais minerais, catalisadores ou alguns alcalinos) que melhoram o processo de adsorsão. A quantidade (concentração) do contaminante que o filtro pode reter, depende da qualidade do elemento filtrante, granulometria, massa filtrante (quantidade) e do tipo do contaminante, influindo também a temperatura e umidade. O Projeto de Norma 2:11-03-006 - ABNT estabelece os tipos de filtros de acordo com o contaminante gasoso contra o qual se deseja proteção, como descrito a seguir:
Os filtros acima mencionados podem se apresentar de forma combinada, oferecendo proteção contra mais de um tipo de contaminante gasoso. Considerando-se a capacidade de retenção, os filtros são classificados em três tamanhos: Classe 1 - cartuchos pequenos, para contaminantes gasosos em baixas concentrações; Classe 2 - cartuchos médios, para contaminantes gasosos em médias concentrações; Classe 3 - cartuchos grandes, para contaminantes gasosos em altas concentrações. A tabela abaixo demonstra a máxima concentração de uso dos filtros químicos. Concentração de uso
Fonte: Projeto de Norma 2:11.03-006/1990 ABNT
Adota-se também um código de cores para os filtros químicos, em função do tipo de contaminante gasoso para o qual foi projetado. As Tabelas abaixos apresentam os códigos de cores adotados pela NIOSH - National Institute for Occupational Safety and Health e pelo CEN - Comitê Europeu de Normalização. 3) Filtros combinados São utilizados para proteção contra contaminantes gasosos e particulados simultaneamente. São constituídos portanto, pela combinação de um filtro mecânico sobreposto a um filtro químico. Dependendo da peça facial utilizada, podem estar dispostos em cartuchos separados; porém, o detalhe construtivo da peça deve permitir que o ar contaminado passe primeiro pelo filtro mecânico e posteriormente pelo filtro químico. A disposição do filtro em cartuchos distintos é preferível, pois geralmente o filtro mecânico satura primeiro. Vida útil do filtro Os elementos filtrantes têm capacidade finita para remover contaminantes e quando seu limite é atingido, os filtros começam a saturar. No caso dos filtros químicos, atingindo o ponto de saturação, o elemento filtrante permitirá progressivamente a passagem do contaminante até o interior da peça facial. Nos filtros mecânicos a impregnação de partículas imporá resistência à respiração. O período de tempo que um filtro efetivamente retém o contaminante é conhecido como vida útil. De acordo com o Projeto de Norma 2:11.03-006/1990 (ABNT), os filtros quando ensaiados devem apresentar a vida útil mínima conforme os dados da Tabela abaixo. Para maiores detalhes sobre as condições em que são efetuados os ensaios (concentração de teste, concentração limitante, vazão, etc), o Projeto de Norma citado deve ser consultado. Vida Útil Mínima
Nota: Se um filtro é uma combinação
de dois ou mais tipos, a vida útil mínima exigida fica dividida pela
metade Influi na vida útil do filtro, pois quanto maior for a frequência respiratória do usuário, tanto maior será a quantidade de contaminante em contato com o elemento filtrante num dado período de tempo, com isto aumenta-se a taxa de saturação. b) Concentração do contaminante A expectativa de vida útil de um filtro diminui conforme aumenta a concentração do contaminante no ambiente, já que há maior quantidade desse em contato com o elemento filtrante. c) Eficiência do filtro A capacidade do filtro químico em remover o contaminante
do ar pode variar numa mesma família química. A tabela abaixo compara
a eficiência dos filtros para vapores orgânicos com certos solventes,
em função do tempo necessário para se atingir a penetração de 1% do
contaminante no ar filtrado. A concentração inicial de teste é 1.000
ppm de vapor de solvente, enquanto que a concentração de penetração
é 10 ppm.
Observações:
A autonomia dos equipamentos pode variar de frações de hora até uma
hora, de maneira geral.
Fonte: MSA do Brasil Equipamentos e Instrumentos De Segurança Ltda. Equipamentos com Filtros Combinados - Máscaras para associações de
partículas e formas gasosas:
Observações:
Limitações:
Fonte: MSA do Brasil Equipamentos e Instrumentos De Segurança Ltda. Aparelhos de Isolamento Equipamentos autoprotetores ou autônomos: Equipamento autônomo a cilindro de ar: Características:
Observações:
Limitações:
Equipamentos de adução ou provisão de ar: Equipamento a ar aspirado por depressão respiratória: Aparelhos com adução de ar Estes equipamentos suprem o oxigênio ou ar necessários ao homem, independente do meio onde esteja trabalhando, ou seja, isolam o usuário da atmosfera circundante. Comparados aos purificadores de ar, oferecem maior proteção ao usuário, pois operam com suprimento de ar respirável, não dependendo de sistemas de filtragem para a remoção dos contaminantes. O suprimento é feito através de uma linha ou tubulação onde o ar provém de uma fonte externa ao ambiente contaminado. Essa fonte pode ser uma bateria de cilindros, compressores, ventoinha manual ou elétrica, ou ainda pela simples ação respiratória do usuário. O ar respirável também pode ser fornecido a partir de cilindros de ar comprimido ou sistemas que o liberem quimicamente, ambos portados pelo usuário. Características:
Observações:
Limitações:
Fonte: Drager Industria e Comércio Ltda. Equipamentos a ar insuflado ou de linha de ar: Características:
As Máscaras Linha de Ar Fluxo Contínuo e
Pressão de Demanda são alimentadas por um fluxo de ar comprimido interligado ao
compressor e/ou através de provedor de ar. Os equipamentos trabalham com uma pressão
variadas, sendo a de Fluxo Contínuo de 2,0 a 2,5 Kgf/cm2 e a Pressão de Demanda de 5,0 a
7,05 Kgf/c, com uma vazão constante de 60 litros por minuto. As mangueiras são
fabricadas com produtos atóxicos, em comprimentos que variam de 5, 10 e 20 m. Observações:
Limitações: Mascara Semi Facial conectada a linha de ar com fluxo de ar contínuo e/ou pressão de demanda:
Mascara Facial conectada a linha de ar com fluxo de ar contínuo e/ou pressão de demanda:
Mascaras com Linha de Ar Fluxo contínuo:
Fonte: MSA do Brasil Equipamentos e Instrumentos De Segurança Ltda. Mascara com Linha de Ar Pressão de Demanda:
Fonte: MSA do Brasil Equipamentos e Instrumentos De Segurança Ltda. Mascaras com Linha de Ar
Fonte: MSA do Brasil Equipamentos e Instrumentos De Segurança Ltda. Seleção de Respiradores Aspectos a serem observados na seleção da proteção respiratória Os seguintes fatores serão levados em conta na seleção do tipo mais adequado:
Na seqüência, são pormenorizados cada um dos fatores acima citados.
A atividade do usuário é fator de extrema importância na seleção do melhor equipamento, quer seja autônomo, com filtro químico, com filtro mecânico ou com mangueira de ar. Deve-se levar em conta se a atividade física a ser desenvolvida é considerada um trabalho leve, médio ou pesado, pois o esforço exigido do usuário e do respirador podem reduzir drasticamente a vida útil do equipamento. Por exemplo, o volume de ar respirado por um homem andando a uma velocidade de 6,5 km/h é três vezes maior do que o respirado por um homem parado. Nesta situação, o consumo de ar nas máscaras autônomas é maior, os filtros químicos são exauridos em tempo menor e os filtros mecânicos são obstruídos com maior facilidade e rapidez. Isto se aplica a todos os tipos de equipamento de proteção respiratória, exceto para os com linha de ar. Nos casos onde é necessário o uso de roupas de encapsulamento, o desgaste físico está potencializado pela perda de líquido do organismo. O uso do equipamento em condições adversas, tais como ruído, calor, umidade, entre outras, as quais tendem a aumentar o desgaste físico, podem provocar efeitos adversos à saúde do usuário, comprometendo o desenvolvimento da atividade, bem como o tempo de permanência no local.
Dada a imprevisibilidade dos cenários encontrados nos atendimentos a emergências, torna-se necessário monitorar as concentrações do contaminante e de oxigênio periodicamente, durante o tempo em que as equipes estejam na área de risco. Qualquer alteração significativa requer a adoção de medidas complementares ou mesmo a substituição do equipamento por outro mais efetivo para as condições detectadas. Outro fator a ser considerado quando da seleção do EPR, é sua aprovação por meio de ensaios; ou seja, os equipamentos de proteção respiratória devem ter sido aprovados em ensaios para determinado tipo e concentração de contaminante, além dos testes de resistência dos vários componentes. Tanto a capacidade de retenção dos filtros, como a qualidade do ar ou do oxigênio dos aparelhos com suprimento, devem estar de acordo com as normas vigentes. Igualmente, os respiradores devem ter sido submetidos aos ensaios de vedação pertinentes. Manutenção de Equipamentos A manutenção de equipamentos de proteção respiratória deve ser programada de acordo com o tipo de uso. Os equipamentos empregados para uso individual e rotineiro devem possuir um programa de manutenção diferente dos equipamentos destinados ao atendimento de emergências. Embora os programas sejam diferenciados, possuem o mesmo nível de importância, tendo em vista os fins a que se destinam. Há que se ressaltar que todo e qualquer programa de manutenção deve ser feito por pessoas treinadas e devidamente conscientizadas da importância do trabalho. Um programa de manutenção de proteção respiratória consiste basicamente de três itens:
Inspeção As inspeções, quando bem processadas, minimizam a probabilidade da ocorrência de falhas dos equipamentos e ajudam a fixar no usuário a mentalidade da importância da segurança. A frequência para a sua realização (diária, semanal, mensal, etc) depende do tipo de equipamento utilizado, atividade e risco. Os respiradores usados rotineiramente devem ser cuidadosamente inspecionados. Uma boa vistoria realizada pelo usuário diariamente antes de usá-lo, para certificar-se que tudo está em boas condições, é de vital importância para sua proteção. Essa inspeção visual deve indicar as condições de válvulas e membranas, de modo a permitir a remoção de sujeiras ou quaisquer outras impurezas que possam causar vazamentos. Os equipamentos, como por exemplo máscaras autônomas, devem ser rigorosamente controlados quanto as datas de inspeções, manutenções preventivas e os defeitos encontrados, e anotados em fichas de registro individuais. Cuidados redobrados são necessários no que tange ao controle da reutilização de filtros. A manutenção de máscaras autônomas deve receber um tratamento diferenciado com relação aos demais respiradores, em virtude da complexidade dos seus componentes. Os fabricantes em geral recomendam testar este equipamento antes do seu uso quanto ao funcionamento dos reguladores, válvulas, alarme e outros dispositivos de alerta, peça facial, traquéia e válvula de exalação 5. Considerações finais Os Equipamentos de Proteção Individual, usualmente identificados pela sigla EPI, formam um conjunto de recursos amplamente empregado para proteger a integridade física do trabalhador no exercício de suas atividades. Neste sentido, é de suma importância que nas operações de emergência que envolvam produtos químicos, os EPIs sejam definidos a partir de critérios técnicos, de acordo com os riscos apresentados pelos produtos envolvidos, tamanho do vazamento, locais atingidos e serviços a serem realizados, após a avaliação de campo especialistas. Os EPIs devem ser utilizados por pessoas devidamente treinadas e familiarizadas com eles, uma vez que a escolha ou a utilização errada pode acarretar conseqüências indesejáveis. O ingresso em áreas onde existam riscos de explosão, ocasionado por substâncias perigosas deve ser realizado sempre por, no mínimo, duas pessoas devidamente protegidas, tendo suas atividades acompanhadas permanentemente por uma equipe de retaguarda. Em caso de dúvida quanto às características dos produtos envolvidos e aos riscos que oferecem, deve-se evitar adentrar as áreas consideradas perigosas. No entanto, se a gravidade da situação exigir a adoção de uma medida imediata, sempre se deverá optar pela proteção máxima, ou seja proteção do crânio, roupas herméticas (incluindo luvas e botas soldadas) e conjunto autônomo de respiração a ar comprimido. O uso dos EPIs poderá levar a desgastes físicos, principalmente as roupas que poderão ocasionar a desidratação do usuário. Quando destas situações, os técnicos devem ser orientados para adotarem ações prévias para evitar problemas físicos que podem interferir na segurança da atividade desenvolvida. Todos os equipamentos de proteção devem ser higienizados e rotineiramente inspecionados, de foram minuciosa, para detecção desgastes e possíveis avarias. Um equipamento de proteção mal selecionado e/ou avariado, pode aumentar o risco de acidentes e não evitá-los. Convém destacar, que no desenvolvimento de atividades emergenciais, além dos riscos inerentes à respectiva atividade, outros fatores devem ser considerados para a utilização dos EPIs, tais como:
Outro aspecto que deve ser levado em consideração diz respeito às roupas contaminadas durante o atendimento a situações emergenciais com produtos químicos, as quais devem ser descontaminadas ainda no local do atendimento, o que pode ser feito com o uso de mangueiras ou nebulizadores de água antes que o usuário as retire. Este procedimento assegurará uma maior vida útil e evitará que ocorra a contaminação das próximas pessoas que utilizarem estes equipamentos. Finalmente, vale lembrar que todo equipamento de proteção deve ser:
Catálogos :
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