EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL PARA ATENDER EMERGÊNCIAS QUÍMICAS

Marco Antonio José Lainha & Edson Haddad

 

Introdução | Objetivo | Considerações gerais | Classificação dos EPIs acordo com tipo de proteção | Considerações finais | Bibliografias consultadas

 

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1. Introdução

Um país não pode crescer se não possuir grandes parques e instalações de pólos petroquímicos que subsidiem matérias primas para a composição dos produtos necessários a manutenção da vida diária.

O vazamento destes produtos para o meio ambiente tem sido ocasionado por aspectos humanos e materiais, envolvendo os vários segmentos que manipulam estes produtos, tais:

  • Laboratórios;
  • Áreas de estocagem (almoxarifados, depósitos, parques de estocagem entre outros)
  • Processos de fabricação;
  • Atividades de transportes (rodoviário, ferroviário, aéreo, marítimo e dutovias).

Os produtos perigosos tem gerado diversos riscos ao homem e ao meio ambiente, causando danos corporais, materiais e interrompendo a vida dos seres vivos. Neste sentido, o crescente número de acidentes envolvendo de produtos perigosos, vem preocupando consideravelmente as autoridades e segmentos envolvidos em todo o mundo.

As ocorrências envolvendo produtos perigosos requerem cuidados especiais, bem como pessoal habilitado para o seu atendimento, tendo em vista riscos de inflamabilidade, toxidez e corrosividade que envolvem estes produtos, quando do vazamento e derrames acidentais, gerando atmosferas contaminadas por vapores e/ou gases.

O atendimento de tais episódios geram diversos riscos a integridade física dos profissionais que desenvolve atividades nestes cenários . Neste sentido, nas emergências que envolvem produtos químicos, é de suma importância que os envolvidos utilizem Equipamentos de Proteção Individual – EPIs, de acordo com os riscos apresentados pelos produtos envolvidos, tamanho do vazamento, locais atingidos e atividades a serrem realizadas.

2. Objetivo

O objetivo deste trabalho é apresentar, de forma sucinta, os principais Equipamentos de Proteção Individual – EPIs utilizados no atendimentos de emergências com produtos perigosos.

3. Considerações gerais

Equipamento de Proteção Individual é todo dispositivo de uso individual, de fabricação nacional ou estrangeira, destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador.

Os EPIs não reduzem o "risco e ou perigo", apenas adequam o indivíduo ao meio e ao grau de exposição.

Quando usar?

durante realização de atividades rotineiras ou emergenciais, de acordo com o grau de exposição.

Como escolher?

De acordo com as necessidades, riscos intrínsecos das atividades e parte do corpo a ser protegida.

Observações:

  • Em caso de dúvida, ou desconhecimento do grau de exposição e/ ou contaminação a que o trabalhador estará exposto, deverão sempre ser utilizados os EPI's de proteção máxima.
  • Após a avaliação da situação, deverá ser adequado o uso dos EPI's às reais situações.

4. Classificação dos EPIs acordo com tipo de proteção

  1. Proteção cutânea
  2. Proteção respiratória

4.1. Proteção cutânea:

4.1.1 - Roupas de proteção às substâncias químicas

No que se refere ao atendimento de acidentes envolvendo substâncias químicas ,as roupas de proteção tem como finalidade proteger o corpo de produtos, o qual pode provocar danos a pele ou mesmo ser absorvido pela mesma ser absorvido pela mesma e afetar outros órgãos.

Uma vez adequadamente selecionada e utilizada em conjunto com a proteção respiratória, a roupa protege os técnicos em ambientes hostis.

Proteger os técnicos contra a exposição à pele requer o uso da mais efetiva roupa de proteção. É fundamental selecionar uma roupa confeccionada em material que apresente a maior resistência possível ao ataque de produtos químicos. O estilo da roupa é também importante e depende se o produto envolvido estiver presente no ar ou se a exposição à pele (contato com o produto) for direta ou através de respingos. Outros critérios para seleção devem ser considerados, incluindo a probabilidade da exposição, facilidade de descontaminação, mobilidade com a roupa, durabilidade da roupa e, em menor escala, o seu custo.

Uma variedade de materiais de confecção está disponível para a fabricação das roupas de proteção. Cada um desses materiais fornece um grau de proteção à pele contra uma gama de produtos, mas nenhum material fornece a máxima proteção contra todos os produtos químicos. A roupa de proteção selecionada deve ser confeccionada em material que forneça a maior resistência contra o produto conhecido ou que possa estar presente.

A seleção adequada da roupa de proteção pode minimizar o risco de exposição a produtos químicos, mas não protege contra riscos físicos tais como fogo, radiação e eletricidade. O uso de outros equipamentos de proteção também é importante para fornecer completa proteção aos técnicos. Proteção à cabeça é fornecida por capacetes rígidos; proteção para os olhos e face por óculos resistentes a impactos; proteção aos ouvidos é dada por protetores auriculares; e proteção aos pés e mãos é fornecida pelas botas e luvas resistentes a produtos químicos.

Desta forma, este trabalho tem por finalidade auxiliar as equipes de atendimento a emergências no processo de seleção da roupa de proteção (modelo e tecido) mais adequada a ser utilizada quando da ocorrência de acidentes envolvendo substâncias químicas. Assim sendo, este trabalho foi dividido em duas partes, sendo que a primeira aborda as roupas de proteção química, enquanto que a segunda contempla luvas e botas.

Classificação das roupas de proteção

As roupas são classificadas por estilo, uso material de confecção.

Estilo

Roupa de encapsulamento completo: totalmente encapsulada, essa roupa é confeccionada em peça única que envolve (encapsula) totalmente o usuário. Botas, luvas e o visor estão integrados à roupa, mas podem ser removíveis. Se assim forem, essas partes são conectadas à roupa por dispositivos que a tornam à prova de gases e vapores. Até o ziper (fecho eclair) fornece perfeita vedação contra gases/vapores. Esta roupa é à prova de gases e deve, obrigatoriamente, ser submetida a testes de pressão para assegurar sua integridade.

A proteção respiratória e o ar respirável são fornecidos por um conjunto autônomo de respiração com pressão positiva interno à roupa, ou por uma linha de ar mandado que mantém pressão positiva dentro da mesma.

A roupa de encapsulamento é utilizada para, principalmente, proteger o usuário contra gases, vapores e partículas tóxicas no ar. Além disso, protege contra respingos de líquidos. A proteção que a roupa fornece contra uma substância química depende do material utilizado para a sua confecção. Uma vez que não existe ventilação, há sempre o perigo de acúmulo de calor, podendo resultar numa situação de risco para o usuário.

Devido a complexidade, o usuário precisa ser auxiliado na colocação da roupa.

Há uma grande variedade de acessórios que podem ser utilizados em conjunto com esta roupa, visando dar conforto e praticidade operacional, como por exemplo colete para refrigeração, sistema de rádio e botas com tamanho dois números acima do usual.

Roupa não encapsulada: a roupa de proteção a substâncias químicas não encapsulada, normalmente chamada de roupa contra respingos químicos, não apresenta a proteção facial como parte integrante. Um conjunto autônomo de respiração ou linha de ar pode ser utilizado externamente à roupa, assim como máscara com filtro químico. A roupa contra respingos pode ser de dois tipos: uma peça única, do tipo macacão, ou conjunto de calça e jaqueta. Qualquer um dos tipos acima pode incluir um capuz e outros acessórios.

A roupa não encapsulada não foi projetada para fornecer a máxima proteção contra gases, vapores e partículas mas apenas para proteção contra respingos. Na verdade, a roupa contra respingos pode ser completamente vedada com a utilização de fitas de vedação nos pulsos, tornozelos e pescoço não permitindo a exposição de qualquer parte do corpo; no entanto, tal roupa não é considerada à prova de gás, mas pode ser um bom substituto da roupa de encapsulamento completo se a concentração do produto envolvido estiver baixa e o material não for extremamente tóxico por via dérmica.

Uso

Uma terceira classificação é a roupa de uso único ou descartável. Esta classificação é relativa e baseia-se no custo, facilidade de descontaminação e qualidade da confecção. É normalmente considerada roupa de proteção química descartável aquela que custa menos de US$ 25,00 por peça. Em situações onde a descontaminação é um problema, roupas mais caras podem ser consideradas descartáveis.

Requisitos de desempenho para roupas de proteção química

ários requisitos de desempenho devem, obrigatoriamente, ser considerados na seleção do material de proteção adequado. Sua importância relativa é determinada pela atividade a ser executada e condições específicas do local. Os requisitos de desempenho são:

  • Resistência química: é a capacidade de um material em resistir as trocas químicas e físicas. A resistência química de um material é o requisito de desempenho mais importante. O material deve manter sua integridade estrutural e qualidade de proteção quando em contato com substâncias químicas;

  • Durabilidade: é a capacidade de resistir ao uso, ou seja, a capacidade de resistir a perfurações, abrasão e rasgos. É a resistência inerente ao material;

  • Flexibilidade: é a capacidade para curvar ou dobrar. É extremamente importante para luvas e roupas de proteção, pois influencia diretamente na mobilidade, agilidade e restrição de movimentos do usuário;

  • Resistência térmica: é a capacidade de um material em manter sua resistência química durante temperaturas extremas (principalmente altas), e permanecer flexível em baixas temperaturas. Uma tendência geral para a maioria dos materiais é que altas temperaturas reduzem sua resistência química enquanto que as baixas reduzem sua flexibilidade.

  • Vida útil: é a capacidade de um material em resistir ao envelhecimento e deterioração. Os fatores como tipo de produto, temperaturas extremas, umidade, luz ultravioleta, agentes oxidantes e outros, causam a redução da vida útil do material. Estocagem e cuidados adequados contra tais fatores podem ajudar na prevenção do envelhecimento. Os fabricantes devem ser consultados com relação às recomendações sobre o armazenamento da roupa.

  • Facilidade para limpeza: é a habilidade para descontaminar efetivamente os materiais de proteção. É a medida relativa da habilidade de um material em remover a substância impregnada. Alguns materiais são, praticamente, impossíveis de descontaminar, sendo então importante cobri-los com vestimentas descartáveis para prevenir a contaminação.

  • Projeto: é a forma Como uma roupa é confeccionada e inclui o tipo e outras características. Atualmente uma variedade de modelos de roupas e com características diversas são fabricadas, tais como:

  • encapsulamento completo ou não encapsulada;
  • uma, duas ou três peças de roupa;
  • capuz, protetor facial, luvas e botas (soldadas ou não);
  • localização do ziper, botões e costuras (frontal, lateral e costas);
  • bolsos, colarinho e alças com velcro;
  • válvulas de exalação e ventilação;
  • compatibilidade com o uso de proteção respiratória.
  • Tamanho: é a dimensão física ou proporção da roupa. O tamanho está diretamente relacionado ao conforto e influencia na ocorrência de acidentes físicos desnecessários. Roupas apertadas limitam a mobilidade do usuário, destreza e concentração.

  • Cor: roupas mais brilhantes facilitam o contato visual entre as equipes. Roupas de cores escuras (preto, verde) absorvem calor radiante de fontes externas e o transfere para o usuário aumentando os problemas relacionados ao calor.

  • Custo: o custo da roupa de proteção varia consideravelmente. O custo, freqüentemente, determina a seleção e freqüência de uso da roupa. Em muitas situações, roupas descartáveis, mais baratas, mais apropriadas e tão seguras quanto as mais caras devem ser utilizadas.

Resistência química

A eficácia dos materiais na proteção contra produtos químicos está baseada na sua resistência a penetração, degradação e permeação. Cada uma destas propriedades deve ser avaliada quando da seleção do estilo da roupa de proteção e do material que é feita.

Penetração

Penetração é o transporte do produto através de aberturas na roupa. Uma substância pode penetrar devido ao projeto ou imperfeições na roupa. Pontos de costura, orifícios de botões, zipers e o próprio tecido podem permitir a penetração do produto.

Uma roupa bem projetada e confeccionada previne a penetração através da existência de zipers selados, juntas vedadas com fita colante e não utilização de tecidos. Rasgos, furos, fissuras ou abrasão à roupa também permitem a penetração.

Degradação

Degradação é uma ação química envolvendo uma ruptura molecular do material devido ao contato com uma substância. A degradação é evidenciada por alterações físicas do material. A ação do produto pode causar ao material a sua contração ou expansão, torná-lo quebradiço ou macio ou ainda alterar completamente suas propriedades químicas. Outras alterações incluem uma leve descoloração, superfície áspera ou pegajosa ou rachaduras no material. Tais alterações podem aumentar a permeação ou permitir a penetração do contaminante.

Informações sobre os testes de degradação para substâncias específicas em classes de produtos estão disponíveis nos fabricantes e fornecedores de roupas de proteção. Tais dados fornecem ao usuário uma taxa de resistência à degradação, a qual é subjetivamente expressa como excelente, boa, fraca e pobre conforme mostra a tabela 1.

Os dados de degradação podem ajudar na determinação da capacidade de proteção de um material mas não devem substituir os dados do teste de permeação. A razão para tal é que um material com excelente resistência à degradação pode ser classificado como fraco em permeação. Portanto, degradação e permeação não estão diretamente relacionadas e não podem ser intercambiadas.

 Permeação

Permeação é uma ação química envolvendo a movimentação de uma substância, a nível molecular, através de um material. É um processo que envolve a sorção (adsorsão e absorção) de uma substância na superfície externa, difusão e desabsorção da substância da superfície interna do material de proteção.

Dessa forma, é estabelecido um gradiente de concentração: alto no lado externo e baixo no interno. Uma vez que a tendência é atingir a concentração de equilíbrio, forças moleculares conduzem a substância ao interior do material em direção a áreas sem ou com baixa concentração. Finalmente o maior fluxo de permeação química ocorre e torna-se constante.

A permeação é medida como uma taxa. Taxa de permeação é a quantidade de substância que se moverá através de uma área do material de proteção num dado tempo. É normalmente expressa em microgramas de produto permeado por centímetro quadrado por minuto de exposição (µg/cm2/min). Muitos são os fatores que influenciam a taxa de permeação, incluindo o tipo do material e a sua espessura. Uma regra geral é que a taxa de permeação é inversamente proporcional a espessura. Outros fatores importantes são a concentração da substância, tempo de contato, temperatura, umidade e solubilidade do material nas substâncias químicas.

Eficácia dos materiais de proteção a degradação química (por classe de produto)

 

Materiais

Classe

Borracha butílica

Cloreto de polivinila (PVC)

Neoprene

Borracha natural

Álcoois

E

E

E

E

Aldeídos

E – B

B - R

E - B

E - R

Aminas

E - R

B - R

E - B

B - R

Ésteres

B - R

F

B

R - F

Éteres

B - R

B

E - B

B - R

Hidrocarbonetos halogenados

B - F

B - F

B - R

R - F

Hidrocarbonetos

R - F

R

B - R

R - F

Ácidos inorgânicos

B - R

E

E - B

R - F

Bases inorgânicas e sais

E

E

E

E

Cetonas

E

F

B - R

E - R

Gordura natural e óleos

B - R

B

E - B

B - R

Ácidos orgânicos

E

E

E

E

E - Excelente

B - Bom

R - Regular

F - Fraco

Outra medida da permeação é feita através do tempo de passagem, expresso em minutos. Tempo de passagem através da roupa é o tempo decorrido entre o contato inicial de uma substância com a superfície externa de um material e a sua detecção na superfície interna. Assim como a taxa de permeação, o tempo de passagem é específico para cada substância e material e é influenciado pelos mesmos fatores. Como regra geral, o tempo de passagem é diretamente proporcional ao quadrado da espessura.

Os dados referentes a taxa de permeação e tempo de passagem são fornecidos pelos fabricantes. Embora exista metodologia padrão da ASTM - American Standard for Testing Materials para testes de permeação, existem diversas e consideráveis variações nos dados fornecidos pelos fabricantes, quanto a espessura e qualidade do material, processo de fabricação, temperatura, concentração das substâncias e método analítico.

O melhor material de proteção a uma substância específica é aquele que apresenta nenhuma ou baixa taxa de permeação e longo tempo de passagem através da roupa. No entanto, estas propriedades não devem ser correlacionadas, ou seja, um longo tempo de passagem não significa, necessariamente, uma baixa taxa de permeação e vice-versa. O valor desejado é, normalmente, um longo tempo de passagem através da roupa.

Material de confecção

As roupas de proteção contra produtos químicos também são classificadas de acordo com o material utilizado para a confecção. Todos os materiais podem ser agrupados em duas categorias: elastômeros e não elastômeros.

Elastômeros: são materiais poliméricos (como plásticos), que após serem esticados, retornam praticamente à forma original. A maioria dos materiais de proteção pertence a esta categoria, que inclui: cloreto de polivinila (PVC), Neoprene, polietileno, borracha nitrílica, álcool polivinílico (PVA), viton, teflon, borracha butílica e outros. Os elastômeros podem ser colocados ou não em camadas sobre um material semelhante a pano.

Não elastômeros: são materiais que não apresentam a característica da elasticidade. Esta classe inclui o tyvek e outros materiais.

Materiais de proteção

Há uma grande variedade de materiais de proteção. A relação abaixo apresenta os materiais mais comuns utilizados em roupas de proteção divididos em elastômeros e não elastômeros.

Os termos "bom para" e "fraco para" representam dados para taxa de permeação e tempo de passagem através da roupa. Estes são normalmente recomendados; no entanto, existem muitas exceções dentro de cada classe de substâncias químicas.

  • Elastômeros
  • Borracha butílica
Bom para:

bases e muitos orgânicos

Fraco para:

Hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos

gasolina

Hidrocarbonetos halogenados

  • Polietileno clorado (CPE)
Bom para:

Hidrocarbonetos alifáticos

ácidos e bases

álcoois e fenóis

abrasão e ozônio

 

Fraco para:

Aminas, ésteres, Cetonas

Hidrocarbonetos halogenados

baixas temperaturas

  • Borracha natural
Bom para:

álcoois, ácidos diluídos, bases

 

Fraco para: compostos orgânicos
  • Neoprene (cloroprene)
Bom para:

bases e ácidos diluídos, peróxidos, combustíveis e óleos, Hidrocarbonetos alifáticos, álcoois, glicóis, fenóis, abrasão e resistência ao corte

 

Fraco para:

Hidrocarbonetos halogenados, hidrocarbonetos aromáticos, cetonas

  • Borracha nitrílica
Bom para:

fenóis, PCB, óleos e combustíveis, álcoois, aminas, bases, peróxidos, abrasão e resistência ao corte

 

Fraco para:

hidrocarbonetos halogenados e aromáticos, amidas, cetonas e baixas temperaturas

Nota: Quanto maior for a concentração de acrilonitrila melhor será a resistência química, embora haja aumento na rigidez do material.

  • Poliuretano
Bom para:

bases, álcoois, hidrocarbonetos alifáticos, abrasão

baixas temperaturas

 

Fraco para: hidrocarbonetos halogenados
  • Álcool polivinílico (PVA)

Bom para:

quase todos os orgânicos ozônio

 

Fraco para:

ésteres, éteres, ácidos e bases

  • Cloreto de polivinila (PVC)

Bom para:

ácidos e bases

alguns orgânicos

aminas e peróxidos

 

Fraco para:

maioria dos compostos orgânicos corte e calor

  • Viton

Bom para:

hidrocarbonetos aromáticos e alifáticos hidrocarbonetos halogenados, ácidos

 

Fraco para:

aldeídos, cetonas, ésteres (solventes oxigenados), aminas

  • Teflon

Teflon tem sido utilizado em roupas de proteção, mas há pouca informação sobre permeação. Assim como o viton, acredita-se que o teflon forneça excelente resistência química contra a maioria das substâncias.

  • Misturas de materiais

Os fabricantes de roupas de proteção desenvolveram uma técnica que consiste em colocar diferentes tecidos em camadas de modo a melhorar a resistência química. Assim, uma roupa é projetada com múltiplas camadas. Alguns exemplos de roupas de encapsulamento total confeccionadas em camadas são víton/borracha butílica (Trelling), viton/neoprene (Vautex MSA e Dräger) e borracha butílica/neoprene (Betex MSA).

  • Não elastômeros
  • Tyvek (fibras de polietileno não entrelaçadas)

Bom para:

material particulado seco e pós baixo peso

 

Fraco para:

resistência química (penetração/degradação) durabilidade

Nota: utilizado contra material particulado tóxico, mas não fornece proteção química; utilizado sobre outra roupa de proteção para prevenir a contaminação de itens não descartáveis.

  • Polietileno (revestido com tyvek)

Bom para:

ácidos e bases, álcoois fenóis, aldeídos, descontaminação,baixo peso

 

Fraco para:

hidrocarbonetos halogenados, hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos, penetração (pontos do ziper)

Nota: fornece limitada proteção química contra líquidos concentrados e vapores. Útil contra baixas concentrações e para atividades que não apresentam risco de respingos; também pode ser utilizado sobre a roupa de proteção para evitar contaminação de itens não descartáveis.

  • Saranex (tyvek laminado)

Bom para:

ácidos e bases, aminas, alguns orgânicos, PCB, descontaminação, baixo peso, durabilidade

 

Fraco para:

hidrocarbonetos halogenados e aromáticos penetração (pontos do zíper)

Nota: fornece melhor resistência química que o polietileno revestido com tyvek; utilizado para prevenir a contaminação de roupas não descartáveis.

Deve-se ressaltar que na escolha do material de proteção:

· não há material de proteção que seja impermeável;

· não há material que forneça proteção contra todas as substâncias químicas;

· para certos contaminantes e misturas de substâncias não há material disponível que forneça proteção por mais de uma hora após o contato inicial.

Níveis de proteção

As equipes de atendimento às emergências devem utilizar os equipamentos de proteção individual sempre que houver a possibilidade de contato com substâncias perigosas que possam afetar a sua saúde ou segurança . Isso inclui vapores, gases ou partículas que podem ser gerados em virtude das atividades no local do acidente promovendo, desta forma, o seu contato com os componentes da equipe. A máscara facial dos equipamentos autônomos de respiração protege as vias respiratórias, aparelho gastrintestinal e os olhos do contato com tais substâncias. A roupa de proteção protege a pele do contato com substâncias que podem destruir ou ser absorvidas pela pele.

Os equipamentos destinados a proteger o corpo humano do contato com produtos químicos foram divididos, pelos americanos (NFPA 471), em quatro níveis de acordo com o grau de proteção necessário, conforme segue.

  • Nível A de proteção

Deve ser utilizado quando for necessário o maior índice de proteção respiratória, a pele e aos olhos. É composto de:

· aparelho autônomo de respiração com pressão positiva ou linha de ar mandado;

· roupa de encapsulamento completo;

· luvas internas, externas e botas resistentes a produtos químicos;

· capacete interno à roupa;

. rádio.

Fonte: MSA do Brasil – Equipamentos e Instrumentos De Segurança Ltda.

  • Nível B de proteção

Deve ser utilizado quando for necessário o maior índice de proteção respiratória, porém a proteção para a pele encontra-se num grau inferior. É composto de:

· aparelho autônomo de respiração com pressão positiva;

· roupa de proteção contra respingos químicos confeccionada em 1 ou 2 peças;

· luvas internas, externas e botas resistentes a produtos químicos;

· capacete;

· rádio.

Fonte: MSA do Brasil – Equipamentos e Instrumentos De Segurança Ltda.

  • Nível C de proteção

Deve ser utilizado quando se deseja um grau de proteção respiratória inferior ao Nível B, porém com proteção para a pele nas mesmas condições. É composto de:

· aparelho autônomo de respiração sem pressão positiva ou máscara facial com filtro químico;

· roupa de proteção contra respingos químicos confeccionada em 1 ou 2 peças;

· luvas internas, externas e botas resistentes a produtos químicos;

· capacete;

· rádio.

Fonte: Personal do Brasil Equipamentos de Proteção Individual Ltda.

  • Nível D de proteção

Deve ser utilizado somente como uniforme ou roupa de trabalho e em locais não sujeitos a riscos ao sistema respiratório ou a pele. Este nível não prevê qualquer proteção contra riscos químicos. É composto de:

· macacões, uniformes ou roupas de trabalho;

· botas ou sapatos de couro ou borracha resistentes a produtos químicos;

· óculos ou viseiras de segurança;

· capacete.

Fonte: Personal do Brasil Equipamentos de Proteção Individual Ltda.

Seleção e uso da roupa de proteção

Seleção da roupa de proteção

A seleção da roupa de proteção mais adequada é uma tarefa mais fácil quando o produto químico é conhecido. A seleção torna-se mais difícil quando não se conhece o produto envolvido ou quando se trata de uma mistura de produtos, conhecidos ou não.

Outra séria dificuldade no processo de seleção da roupa de proteção é o fato de não haver informação disponível sobre a qualidade da proteção oferecida pelos materiais utilizados na confecção da roupa contra a grande variedade de produtos químicos existentes.

O processo de seleção da roupa consiste em:

  • avaliar o ambiente em que os técnicos irão trabalhar;
  • identificar o produto envolvido e determinar suas propriedades químicas, físicas e toxicológicas;
  • avaliar se, à concentração conhecida ou esperada, a substância representa algum risco à pele;
  • selecionar a roupa de proteção confeccionada em tecido que forneça as menores taxas de permeação e degradação pelo maior período de tempo;
  • determinar se é necessário a roupa de encapsulamento completo ou não.

Apesar das diversas variáveis existentes, em muitas situações será possível selecionar a roupa de proteção mais adequada baseado no cenário e na experiência da equipe.

Como exemplo encontram-se listadas abaixo algumas condições para a seleção do nível de proteção mais apropriado.

Nível A de proteção

Escolha o Nível A de proteção sempre que:

  • a substância química for identificada e for necessário o mais alto nível de proteção para o sistema respiratório, pele e olhos;
  • houver suspeita da presença de substâncias com alto potencial de danos à pele e o contato for possível, dependendo da atividade a ser realizada;
  • forem realizados atendimentos em locais confinados e sem ventilação;
  • leituras diretas em equipamentos de monitoramento indicarem concentrações perigosas de gases/vapores na atmosfera; por exemplo, valores acima do IDLH (concentração imediatamente perigosa à vida e à saúde).

Nível B de proteção

Escolha o Nível B de proteção sempre que:

  • o produto envolvido e sua concentração forem identificados e requererem um alto grau de proteção respiratória sem, no entanto, exigir esse nível de proteção para a pele; por exemplo, atmosferas contendo concentração de produto ao nível do IDLH sem oferecer riscos à pele ou ainda quando não for possível utilizar máscaras com filtro químico para aquela concentração e pelo tempo necessário para a atividade a ser exercida;
  • concentração de oxigênio no ambiente for inferior a 19,5% em volume;
  • for pouco provável a formação de gases ou vapores em altas concentrações de forma que possam ser danosas à pele.

Nível C de proteção

Escolha o Nível C de proteção sempre que:

  • a concentração de oxigênio no ambiente não for inferior a 19,5% em volume;
  • o produto for identificado e a sua concentração puder ser reduzida a um valor inferior ao seu limite de tolerância com o uso de máscaras filtrantes;
  • a concentração do produto não for superior ao IDLH;
  • o trabalho a ser realizado não exigir o uso de máscara autônoma de respiração.

Nível D de proteção

Escolha o Nível D de proteção sempre que:

  • não houver contaminante presente na atmosfera;
  • não houver qualquer possibilidade de respingos, imersão ou risco potencial de inalação de qualquer produto químico.

Conforme pode ser observado o nível de proteção utilizado pode variar de acordo com o trabalho a ser realizado. No entanto, para a primeira avaliação do cenário acidental o nível mínimo de proteção recomendado é o B.

Cada nível de proteção apresenta suas vantagens e desvantagens para utilização. Geralmente, quanto maior o nível de proteção maior é o desconforto da roupa.

A determinação do nível de proteção deve estar fundamentada, primeiramente, na segurança do técnico sendo o objetivo principal fornecer-lhe a proteção mais adequada com a máxima mobilidade e conforto.

Outros fatores devem ainda ser considerados na escolha do nível de proteção mais adequado, entre eles:

  • fadiga produzida pelo peso e calor;
  • periodicidade do monitoramento;
  • decisão lógica, levando-se em conta os perigos e riscos;
  • condições atmosféricas;
  • funções diferenciadas fora da área contaminada.

O monitoramento da concentração de gás ou vapor presente na atmosfera também pode auxiliar na seleção do nível de proteção mais adequado. A tabela 2 fornece o nível de proteção de acordo com a concentração de gás ou vapor desconhecido no ambiente.

Critérios para escolha e uso de roupas de proteçã

TIPO

MATERIAL

PROTEÇÃO CONTRA

RESTRIÇÃO

GRAU DE PROTEÇÃO

Conjunto descartável TYVEK Materiais ou locais infectados Não é resistente a produtos químicos Médio
Roupa anichada Nomex Altas temperaturas durante incêndios Não pode ser utilizada para fogo Médio
Roupa anichada Amianto aluminizado Adentrar em áreas com chamas e altas temperaturas Pouca mobilidade desgaste do usuário Máximo
Capa PVC Umidade e alguns
Materiais particulados
Pouco resistente não deve ser utilizada com produtos químicos Baixo
Conjunto calça, jaqueta e capuz PVC Respingos de Ácidos, bases e solventes Baixa resistência química, dependendo do tecido sem confinamento Médio
Macacão hermético com capuz PVC Respingos e Vapores ácidos, bases e solventes Grande período de exposição a produtos ácidos e alcalinos Alto
Macacão de encapsulamento PVC ou BUTIL Forçado com poliamida e viton Atmosfera altamente saturada de gases e vapores


-

Máximo
  KEVLAN aluminizado Atmosfera satura- Da com gases, Vapores e alta temperatura


-

Máximo

Observação:

Todos os trajes de proteção anteriormente apresentados, não devem "nunca" ser utilizados diretamente sobre a pele.

Para situações onde não se conhece o contaminante, porém através de equipamentos de monitoramento tal como um fotoionizador, pode ser estimar a concentração de vapores na atmosfera, é possível selecionar um nível de proteção mais apropriado, conforme tabela abaixo:

Nível de proteção x concentração de gás ou vapor desconhecido

Concentrações de gás/vapor desconhecido (ppm)

Nível de proteção recomendado

0 - 5

C

5 - 500

B

500 - 1000

A

> 1000

Possível perigo de explosão. Não entre na área.

Nos acidentes onde não se conhece o produto envolvido, ou este não foi ainda identificado, a seleção do estilo da roupa a ser utilizada deverá ser baseada nas condições do cenário envolvido. As condições abaixo indicam a necessidade de utilização da roupa de encapsulamento completo:

  • visível emissão de gases, vapores, pó ou fumaça;
  • indicação em instrumento de leitura direta de contaminantes no ar;
  • configuração de recipientes e veículos que indiquem a existência de gases ou líquidos pressurizados;
  • simbologia ou documentação indicando a presença de substâncias tóxicas à pele;
  • áreas fechadas e pouco ventiladas onde pode ocorrer o acúmulo de gases/vapores tóxicos;
  • se a atividade a ser realizada puder expor o técnico a altas concentrações de produtos tóxicos à pele.

Situações desconhecidas requerem bom planejamento quanto a necessidade de utilização da máxima proteção (encapsulamento completo) ou de um conjunto calça/jaqueta, ou do tipo macacão.

Uso da roupa de proteção

Após determinar o tipo de roupa a ser utilizada, a próxima etapa é selecionar o material de proteção. Os fabricantes dos materiais utilizados na confecção das roupas podem, algumas vezes, fornecer dados sobre a resistência química do material. No entanto, sempre haverá limitações nessas informações, visto que não é possível testar o material para o grande número de substâncias químicas existentes.

A permeação é o principal critério de seleção. O melhor material de proteção contra uma substância específica é aquele que apresenta nenhuma ou pequena taxa de permeação e um longo tempo de passagem através da roupa e que tenha sido confeccionado sem imperfeições de projeto.

A degradação, por sua vez, é uma informação menos útil. É uma determinação qualitativa da capacidade do material suportar o ataque de uma substância, sendo normalmente expressa em unidades subjetivas como excelente, bom, fraco, ou termos similares. Os dados de degradação só devem ser utilizados para auxiliar na seleção do material se nenhum outro dado estiver disponível.

Nas situações onde o material de proteção não puder ser escolhido devido às incertezas quanto a sua resistência química, as considerações abaixo devem ser observadas:

  • selecione o material de proteção que forneça a proteção contra o maior número de substâncias. Normalmente tais roupas são confeccionadas em borracha butílica, viton ou teflon. Substâncias químicas não cobertas por estes materiais podem, possivelmente ser consideradas ausentes.
  • roupas feitas de diversos materiais de proteção podem ser utilizadas. Roupas de borracha butílica-viton, neoprene-viton e neoprene-borracha butílica são confeccionadas atualmente. Se não estiverem comercialmente disponíveis, podem ser sobrepostas duas peças confeccionadas de materiais diferentes, sendo que a externa pode (ou deve) ser do tipo descartável.

Decidir se a roupa de encapsulamento completo deve ou não ser utilizada pode não ser tão evidente. Se, de acordo com a situação, qualquer estilo da roupa puder ser utilizado, outros fatores devem ser considerados:

  • facilidade no uso: roupas não encapsuladas são mais fáceis de usar. Os usuários estarão menos propensos a acidentes visto que estas fornecerão melhor visibilidade e são menos desconfortáveis e incômodas;
  • comunicação: é mais difícil se comunicar em roupas de encapsulamento completo;
  • descontaminação: roupas de encapsulamento completo protegem a máscara autônoma de respiração, a qual é de difícil descontaminação;
  • estresse por calor: roupas não encapsuladas normalmente causam menos estresse por calor; no entanto, como pequena parte do corpo fica exposta quando do uso de tais roupas, há pequena diferença no acúmulo de calor para os dois estilos.

Vantagens e desvantagens dos níveis A, B e C de proteção

Níveis de proteção

Vantagem

Desvantagem

A

  • Maior nível de proteção.
  • Requer pouco treinamento.
  • Volumoso e desconfortável.
  • Acesso limitado à máscara autônoma.
  • Duração do uso limitado, especialmente com a máscara autônoma.
  • Custo inicial da roupa.

B

  • Baixo custo e peso
  • Longa vida útil
  • Fácil acesso a máscara autônoma
  • Boa para atmosferas acima do IDLH desde que a substância não seja tóxica à pele
  • Proteção incompleta à pele
  • Não pode ser utilizada para substâncias tóxicas à pele
  • Necessita significativo treinamento antes do uso

C

  • Relativamente barata
  • Fácil de usar
  • Baixo peso
  • Longa vida útil
  • Ssomente para atmosferas com concentração de O2 maior que 19,5% em vol.
  • O ambiente deve, obrigatoriamente, estar caracterizado e as substâncias devem ser conhecidas

Precauções anteriores ao uso da roupa de proteção

Antes de utilizar o Nível A de proteção, devem ser tomadas as seguintes precauções:

  • inspecionar a roupa quanto a degradação química, abrasão, fissuras, trincas e falhas nas costuras. Normalmente uma inspeção visual é suficiente. Se houver dúvida quanto a integridade da roupa, esta deverá ser submetida a testes de pressão de acordo com a orientação do fabricante;

  • certificar-se que a roupa é capaz de suportar a exposição às substâncias envolvidas. Se não existirem dados sobre a taxa de permeação e o tempo de passagem do produto através da roupa, esta não deverá ser utilizada;

  • determinar o grau de mobilidade necessário ao trabalho a ser realizado. Roupas de proteção Nível A podem limitar os movimentos além de não fornecerem boa visibilidade. Em alguns casos, uma roupa e seu material de confecção podem ser tão restritivos à mobilidade tornando uma atividade insegura. O problema normalmente é mais severo com roupas mais pesadas, as quais são projetadas para fornecer um período maior de uso. Uma alternativa pode ser sacrificar parte do período de uso para ganhar em mobilidade selecionando uma roupa mais leve e confeccionada em material mais maleável;

  • certificar-se que o usuário remova todos os objetos de uso pessoal, objetos pontiagudos, isqueiros e outros itens semelhantes antes de vestir a roupa. Qualquer objeto rígido no interior da roupa poderá aumentar a probabilidade de danos. Isqueiros são preocupantes pois podem gerar o acúmulo de gases no interior da roupa, com o conseqüente risco de combustão;

  • considerar, no caso de uso de máscara autônoma, o tempo necessário para vestir a roupa, aproximar e deixar o local, descontaminar e remover a roupa de proteção. Se o tempo total disponível para o trabalho for impraticável devido aos parâmetros acima, então deverá ser utilizada uma linha de ar ao invés da máscara autônoma ou o trabalho com a roupa Nível A deverá ser dividido em diversas etapas;

  • remover, o quanto antes, as substâncias líquidas se houver contato direto com a roupa. A degradação e a permeação são significativamente aceleradas quando da exposição do material da roupa a líquidos;

  • paralisar as atividades se o usuário sentir qualquer desconforto ou irritação. Em muitos casos esta sensação pode ser em conseqüência da transpiração ou meramente psicológica. No entanto, pode ser a primeira indicação de defeito na roupa;

  • deixar o local quando da ocorrência de qualquer desconforto, dificuldade respiratória, fadiga, náusea, aumento da pulsação e dor no peito; passar pela descontaminação e retirar todos os equipamentos de proteção. Muitas destas condições estão associadas ao calor e são indicadores do estresse por calor.

A percepção do odor é também um indicador de falha na vedação da roupa de proteção.

Outros cuidados devem ainda ser adotados com relação à roupa interna, a ser utilizada sob a roupa de encapsulamento, tais como:

  • proteção do usuário do contato com a roupa. O contato prolongado da roupa com a pele pode provocar incômodos que vão desde um desconforto até a sua irritação;

  • a temperatura ambiente e a radiação solar também devem ser consideradas na seleção da roupa interna. Na maioria dos casos uma roupa de algodão é o mais recomendado visto que este material tem a capacidade de absorver a transpiração. A temperatura no interior da roupa está, geralmente, bem acima da temperatura ambiente;

  • se o produto a ser manuseado apresentar riscos devido a sua baixa temperatura de ebulição, então deve-se utilizar sobre a roupa de encapsulamento uma roupa de proteção térmica. Por exemplo, a amônia ferve a -33ºC e qualquer contato com o líquido, mesmo que utilizando a roupa de encapsulamento, poderá causar queimaduras por enregelamento (excesso de frio).

4.1.2 - Luvas de Proteção às Substâncias Químicas

Luva é a forma mais comum de roupa de proteção. Atualmente há uma grande variedade de produtos e materiais de muitos fabricantes e importadores no mercado brasileiro.

Nem sempre é fácil decidir quanto a luva mais adequada a ser utilizada para uma determinada atividade.

Antes da correta seleção da luva deve-se compreender algumas diferenças básicas entre elas. Os materiais mais utilizados na confecção de luvas de proteção, encontram-se listados abaixo:

  • álcool polivinílico (PVA)
  • borracha natural
  • borracha nitrílica (acrilonitrila e butadieno)
  • borracha butílica (isobutileno e isopreno)
  • cloreto de polivinila (PVC)
  • neoprene
  • polietileno (PE)
  • poliuretano (PV)
  • viton

A espessura do material de confecção da luva é um fator importante a ser considerado no processo de seleção. Para uma dada espessura, o material (polímero) selecionado tem uma grande influência no nível de proteção fornecida pela luva. Para um polímero, uma maior espessura fornecerá uma proteção melhor, se a subsequente perda de destreza (devido a espessura da luva) puder ser tolerada de forma segura, para aquela atividade. Aditivos são normalmente utilizados como matéria-prima de modo a atingir as características desejadas do material. Devido a tal fato, há certa variação na resistência química e no desempenho físico de luvas confeccionadas com o mesmo polímero, mas de fabricantes distintos.

Outros fatores de desempenho devem ser considerados quando da seleção de luvas de proteção, tais como a resistência à permeação, flexibilidade, resistência a danos mecânicos e a temperatura.

Da mesma forma que nas roupas de proteção, a seleção da luva deve levar em consideração tanto a permeação como a degradação do material.

A permeação química pode ser compreendida de forma simples, através da comparação do que ocorre com um balão (bexiga) após algumas horas. Embora não existam furos ou defeitos e o balão esteja bem selado, o ar contido no seu interior passa (permeia) através de suas paredes e escapa. Neste simples exemplo foi abordada a permeação de um gás, sendo que o princípio é o mesmo para os líquidos, pois com estes a permeação também ocorre.

Os testes de permeação são importantes pois fornecem uma informação segura para o manuseio de substâncias químicas. Por muitos anos, a seleção de luvas baseou-se somente nos dados de degradação, mas algumas substâncias permeiam rapidamente através de certos materiais os quais apresentam boa resistência a degradação. Isto significa que os usuários podem ficar expostos mesmo quando acreditam que estão adequadamente protegidos. Os materiais de confecção da luva de proteção podem enrijecer, endurecer e tornarem-se quebradiços, ou podem amolecer, enfraquecer e inchar muito além do seu tamanho original. Embora os testes de resistência à degradação não devam ser considerados como suficientes para a escolha da luva é um dado essencial para a segurança do usuário.

Testes para determinar a qualidade das luvas

Os testes de resistência a degradação e a permeação foram padronizados pela ASTM e são, basicamente, conforme segue:

  • Teste de permeação

Uma amostra do material de confecção de uma luva ou roupa de proteção é fixada numa célula de teste como se fosse uma membrana, conforme a figura 2 . O lado externo da amostra é exposto à substância química. Em intervalos pré-determinados, o lado interno da célula de teste é verificado no sentido de identificar se houve a permeação química e em que intensidade.

A metodologia de teste permite uma variedade de opções nas técnicas analíticas de coleta e análise do produto permeado. A cromatografia gasosa com detecção por ionização de chama, como método de análise e nitrogênio seco como meio de coleta são as técnicas normalmente utilizadas. Quando da realização de teste para ácidos e bases inorgânicos, detectados pelo processo acima mencionado, é utilizado neste caso um método colorimétrico padronizado pela ISO - International Standard Organizacional. O meio de coleta é a água e a detecção é feita pela troca de cor de um papel indicador de pH.

  • Teste de degradação

Para execução deste teste são obtidos filmes (películas) do material a ser testado. Estes filmes são pesados, medidos e completamente submersos na substância química por 30 minutos. Em seguida, determina-se a alteração do tamanho, expressa em porcentagem, sendo que, posteriormente, os filmes são secados de modo a calcular a porcentagem da alteração do tamanho e do peso. As alterações físicas também são observadas e registradas. A avaliação é baseada na combinação desses dados.

É importante lembrar que a permeação e a degradação são afetadas com a variação da temperatura, principalmente com o seu aumento. Uma vez que os dados obtidos dos testes são válidos para temperaturas entre 20 e 25ºC, devem ser adotados cuidados quando da utilização de luvas em líquidos aquecidos, pois haverá uma brusca redução na resistência do material.

Misturas de substâncias químicas também alteram significativamente a resistência dos materiais. Por exemplo, o tempo de passagem da acetona através de laminado viton/clorobutil é de 53 - 61 minutos, enquanto que o hexano não permeia este material em 3 horas. No entanto, a combinação de acetona e hexano resulta numa redução do tempo de passagem para 10 minutos. O sinergismo dessas substâncias não pode ser explicado em termos de efeitos individuais sobre o material.

A tabela em anexo contém os dados de resistência a degradação e permeação de luvas de proteção.

As tabelas apresentam dados de testes de permeação para as seis principais luvas de proteção química: álcool polivinílico, látex, viton, borracha nitrílica (NBR), borracha butílica e neoprene. Estas tabelas fornecem a família química com diversos tempos de passagem para as principais luvas citadas acima. Estes dados devem ser utilizados no processo de seleção da luva apenas como um guia inicial. Quando nenhum dado de desempenho estiver disponível, a saúde e segurança dos técnicos dependerá do julgamento profissional do usuário. A maneira mais segura e recomendada para a seleção da luva (e roupa), principalmente para substâncias tóxicas ou altamente tóxicas, é a realização de testes em laboratórios.

Família química com tempo de passagem através da luva de 0 - 10 minutos para diversos materiais

    Família química testada

    Material da luva

    Cetonas alifáticas

    PVA

    Aminas alifáticas, nitrilas e

    Alcoolaminas

    Látex

    Aldeídos, éteres, epóxidos e

    Isocianatos

    Viton

    Carbonos halogenados

    Alifáticos

    Nitrila

    Enxofre alifático, éteres e carbonos

    Halogenados

    Borracha butílica

    Isocianatos alifáticos,

    Hidrocarbonetos e carbonos

    Halogenados não saturados

     

    Neoprene

Família química com tempo de passagem através da luva de 300 - 480 minutos para diversos materiais

Família química testada

Material da luva

Hidrocarbonetos alifáticos, cetonas

Carbonos halogenados e éteres

PVA

Sais de amina, sais, isocianatos e hidrocarbonetos epoxidados

Látex

Hidrocarbonetos alifáticos aromáticos, hidrocarbonetos aromáticos halogenados, aminas, nitrilas, carbonos halogenados e álcoois

Viton

Aminas alifáticas, hidrocarbonetos e carbonos halogenados

Nitrila

Cetonas alifáticas, aldeídos, álcoois, nitrilas, aminas e ácidos

Borracha butílica

Álcoois alifáticos e sais de aminas

Neoprene

Comprimento das luvas

O comprimento de uma luva de proteção também é outro aspecto a ser considerado no processo de seleção. O comprimento adequado depende do serviço a ser realizado e do grau de proteção desejado. O comprimento é medido a partir da extremidade do dedo do meio até a outra extremidade da luva, enquanto que o seu tamanho é medido pelo perímetro da palma da mão. A tabela abaixo, apresenta alguns comprimentos típicos de luvas e a proteção oferecida.

Comprimentos típicos de luvas e proteção oferecida

Proteção

Comprimento (cm)

Somente proteção da mão

Até 30,48

Proteção até o meio do braço

33,02 - 38,10

Proteção até o cotovelo

40,64 - 45,72

Proteção até o ombro

76,2 - 81,28

Inicialmente, muitos fabricantes de roupas herméticas (encapsuladas) incorporaram as luvas como parte permanente da roupa de proteção. No entanto, esta não foi uma boa prática visto que a forma da luva, o tempo necessário para o seu reparo e reposição quando da troca e os procedimentos para a descontaminação eram afetados, reduzindo desta forma a disponibilidade da roupa.

Atualmente, a maioria dos fabricantes fornece roupas de proteção de encapsulamento completo com luvas removíveis. As luvas são conectadas à roupa através da utilização de anéis de vedação, os quais também não permitem a passagem de gás e vapor para o interior da roupa.

Em muitas situações é aconselhável a utilização de um par de luvas adicional, a ser colocado sobre a luva de proteção de modo a fornecer a segurança necessária de acordo com o serviço a ser realizado. Também é uma boa prática de trabalho utilizar luvas descartáveis (tipo cirúrgicas) sob a luva de proteção visando aumentar o tato e a sensibilidade.

Alguns tipos de roupas apresentam uma proteção especial contra respingos nas luvas e botas. Trata-se, na realidade, de uma segunda manga, a qual é sobreposta à luva ou bota de proteção.

Permeação: tempo de passagem através do material

Este tempo indica o menor tempo observado desde o início do teste até a primeira detecção da substância no outro lado da amostra do material. Representa o tempo esperado para que o material ofereça a mais efetiva resistência contra a substância.

4.1.3. – Botas de Proteção às Substâncias Químicas

Até recentemente as botas de proteção comercialmente disponíveis eram confeccionadas somente em PVC ou borracha. Devido as necessidades do mercado, os fabricantes desses materiais vêm desenvolvendo um elevado número de misturas de polímeros que são mais resistentes às substâncias químicas. Muitos problemas estão relacionados com a utilização de novas misturas de polímeros devido ao complicado processo de moldagem por injeção para a fabricação das botas. Cuidados devem ser ainda observados quando as botas entram em contato com substâncias químicas, uma vez que estas podem agir como uma "esponja química" (absorção da substância), resultando na exposição do usuário.

As botas mais simples são produzidas através do processo de moldagem por injeção de único estágio. O aspecto da bota é semelhante às botas de borracha contra chuvas, e são fabricadas em neoprene e borracha butílica. Devido ao processo de único estágio, o solado da bota é feito com o mesmo material, sendo, no entanto, mais espesso. Isso significa que as características de tração e desgaste da sola não são as mais adequadas.

De modo a fornecer um produto mais funcional e durável, foi desenvolvido um processo de moldagem por injeção de dois estágios. Isso permite a fabricação de um produto de baixo peso na sua parte superior com um solado com alta resistência ao desgaste e boa tração. Este processo também resulta numa bota mais apropriada e com uma maior resistência química. Estas botas estão disponíveis em PVC e PVC/borracha nitrílica.

Botas confeccionadas à mão estão disponíveis em vários tamanhos de modo a fornecer uma melhor adaptação e conforto. Estas botas são confeccionadas em estágios com um grande número de componentes, o que as tornam propensas a atuar como "esponja química". Outros estilos de botas estão disponíveis, confeccionadas em neoprene e diversas formulações de borracha.

Todos os conceitos já apresentados em roupas e luvas (permeação, degradação, penetração e outros) podem ser aplicados às botas, ressaltando-se apenas que a proteção oferecida por estas não é somente devido ao material de confecção, mas também pela espessura do solado, o qual permite, para a maioria dos casos, um tempo de contato mais prolongado quando comparado a luvas e roupas confeccionadas com o mesmo material.

4.2 - Proteção Respiratória

Introdução

Proteger o homem contra os riscos representados por elementos respiráveis nocivos à saúde presentes no ar atmosférico, é fonte de preocupação há muitos séculos em nossa sociedade.

A utilização de bexiga animal como filtro protetor contra poeiras em minas romanas no século I; posteriormente o grande avanço durante a primeira guerra mundial, quando desenvolveram-se equipamentos de proteção respiratória para fazer frente aos gases tóxicos utilizados com fins bélicos, e finalmente nos dias atuais onde dispomos de equipamentos eficazes e totalmente independentes do ar atmosférico, são indicativos da importância dos dispositivos que propiciam proteção respiratória em ambientes adversos.

O sistema respiratório é a principal via de contato com substâncias nocivas. Apesar de possuir defesas naturais, o grau de tolerância do homem para exposição a gases tóxicos, vapores, partículas ou ainda a deficiência de oxigênio, é limitado. Algumas substâncias podem prejudicar ou mesmo destruir partes do trato respiratório, outras podem ser absorvidas pela corrente sangüínea gerando danos aos demais órgãos do corpo humano.

Nos acidentes envolvendo produtos químicos perigosos, onde a liberação de materiais tóxicos para a atmosfera pode gerar altas concentrações, é fundamental a proteção das equipes de atendimento, pois muitas vezes os índices de contaminantes no ar podem ser imediatamente letais.

O conhecimento apurado dos riscos oferecidos por um determinado produto químico, as condições específicas do local e as limitações do operador e dos equipamentos nortearão a seleção do sistema de proteção respiratória mais adequado para propiciar a segurança necessária às equipes de atendimento nas situações emergenciais.

Na descrição dos equipamentos de proteção optou-se por citar os recursos básicos encontrados nos vários modelos existentes no mercado. Detalhamento de dispositivos ou recursos adicionais de cada fabricante, não foram contemplados.

Inicialmente será abordado os riscos mais comuns nos episódios emergenciais, numa segunda etapa serão descritos os tipos de aparelhos de proteção respiratória, diretrizes para seleção e uso, as limitações e as recomendações práticas para a utilização.

Objetivo

Este trabalho tem por finalidade propiciar a equipes de atendimento emergencial o conhecimento básico sobre a proteção respiratória nas situações de emergência envolvendo produtos químicos perigosos.

Riscos respiratórios

Risco respiratório é toda alteração das condições normais do ar atmosférico que interfere no processo da respiração, gerando consequentemente danos ao organismo humano.

A presença de gases contaminantes, materiais particulados em suspensão no ar ou mesmo a variação da concentração de oxigênio no ar, representam riscos comumente encontrados pelas equipes empenhadas nos atendimentos aos episódios emergenciais envolvendo produtos químicos perigosos.

Os efeitos gerados pela exposição humana a tais condições vão desde a simples irritação das vias aéreas até o comprometimento das funções vitais ocasionando a morte.

Para efeito deste trabalho serão abordados os riscos respiratórios, dividindo-os em dois grupos: a deficiência de oxigênio e os contaminantes do ar atmosférico. Antes de serem abordados os tópicos acima, uma breve explanação sobre a composição do ar e o consumo humano de oxigênio, torna-se necessária.

Composição do ar atmosférico

O ar atmosférico, em condições normais, é composto por gases para os quais o organismo humano está devidamente adaptado.

A tabela abaixo apresenta o percentual em volume desses gases no ar, considerando-o isento de umidade.

Composição do ar atmosférico

Gases

Volume (%)

Nitrogênio (N2)

78,10

Oxigênio (O2)

20,93

Argônio (Ar)

0,9325

Dióxido de Carbono (CO2)

0,03

Hidrogênio (H2)

0,01

Neônio (Ne)

0,0018

Hélio (He)

0,0005

Kriptônio (Kr)

0,0001

Xenônio (Xe)

0,000009

Observação: A rigor não existe ar atmosférico que não contenha umidade. Na presença de 1% de vapor d'água, correspondente a 50% de umidade relativa do ar a 20º, permanecem apenas 99% de ar seco. Já, para 3% de vapor d'água, correspondente a 100% de umidade relativa no ar a 24º, tem-se uma parcela de 97% de ar seco.

A temperatura do ar é outro fator que o torna respirável, pois alterações extremas ocasionarão queimaduras ou congelamento das vias respiratórias e pulmões.

Consumo de ar

O consumo de ar pelo homem é mensurado através do volume respiratório por minuto, representado pelo volume corrente normal (500 ml), multiplicado pela freqüência respiratória normal (cerca de 12 por minuto). Tem-se então que o volume respirado num minuto eqüivale a 6 litros de ar.

Esse consumo pode variar em função da demanda de ar disponível, do estado psicológico e do esforço físico desempenhado. Em qualquer uma dessas situações são promovidas alterações na profundidade da respiração, com aumento do volume respirado, e na freqüência respiratória com aumento dos ciclos (inspiração/expiração) por minuto, visando suprir a necessidade de oxigênio do organismo.

A tabela abaixo compara o incremento no consumo de ar com o oxigênio, em função da intensidade de esforço físico desempenhado.

De forma geral, pode-se concluir que a capacidade pulmonar e as variações no consumo de oxigênio determinam a ventilação alveolar e por conseguinte o nível de oxigenação sangüínea, refletindo no desempenho funcional do organismo como um todo.

Consumo de ar

Atividade

Condição

Consumo de O2 (litros por min.)

Volume Respiratório (litros por min.)

 

Deitado

0,25

6

Descanso

Sentado

0,30

7

 

Em pé

0,40

8

Trabalho

Andar 3,2 Km/h

0,70

16

 

Nadar devagar 0,9Km/h

0,80

18

Trabalho Médio

Andar 6,5 Km/h

1,20

27

 

Nadar 1,6 Km/h

1,40

30

 

Nadar 1,85 Km/h

1,80

40

Trabalho Pesado

Andar de bicicleta 21 Km/h

1,85

45

 

Correr 13 Km/h

2,00

50

 

Nadar 2,2 Km/h

2,50

60

Trabalho

Correr 15 Km/h

2,60

65

Pesadíssimo

Escadas (100 degraus/min.)

3,20

80

 

Correr em aclive

4,00

90

Fonte: Proteção Respiratória Completa (Manual), Drager - Lubeca

Deficiência de oxigênio

O volume parcial de oxigênio em relação à composição total do ar é sempre constante (20,93%), porém em circunstâncias específicas esse percentual pode sofrer redução.

Os efeitos dessa redução sobre o organismo estão diretamente ligados à pressão exercida pelo oxigênio sobre os alvéolos pulmonares.

Em termos gerais, pode-se dizer que o oxigênio exerce uma pressão sobre os alvéolos, possibilitando a troca gasosa entre estes e as hemácias da corrente sangüínea. Isto significa dizer que ao diminuir a quantidade de oxigênio presente no ar tem-se menor pressão alveolar. Com, isso o teor de oxigênio nas hemácias é menor, comprometendo a oxigenação dos demais tecidos e órgãos, sendo que, paralelamente, há um incremento da taxa de CO2 na corrente sangüínea e nas células dos tecidos.

A pressão parcial do oxigênio (PPO2) também é afetada pela pressão atmosférica total. Esta é de 760 mmHg ao nível do mar, sendo a PPO2 de 159 mmHg, condição esta considerada ideal para a respiração. Há uma diminuição progressiva da pressão total com o aumento da altitude. Altitudes superiores a 4240 metros são consideradas imediatamente perigosas à vida e à saúde, já que neste nível tem-se uma pressão atmosférica de 450 mmHg implicando numa PPO2 de 95 mmHg. Saliente-se que pessoas aclimatizadas às grandes altitudes não sofrem esses efeitos, pois o organismo realiza mudanças compensadoras nos sistemas cardiovascular, respiratório e formador do sangue.

A tabela abaixo que segue compara a redução do volume de oxigênio com a redução da PPO2, ao nível do mar, e seus efeitos sobre o homem.

Concentração de oxigênio e os riscos para a saúde

Concentração

(% volume)

PPO2

(mmHg)

Efeitos

20,9 a 16,0

158,8 a 136,8

Nenhum

16,0 a 12,0

121,6 a 95,2

Perda da visão periférica; aumento do volume respiratório; aceleração do batimento cardíaco, perda de atenção; perda de raciocínio e perda de coordenação.

12, 0 a 10,0

91,2 a 76,0

Perda da capacidade de julgamento; coordenação muscular muito baixa; a ação muscular causará fadiga com danos permanentes ao coração; respiração intermitente

10,0 a 6,0

76,0 a 45,6

Náusea e vômito; incapacidade de executar movimentos vigorosos; inconsciência seguida de morte.

< 6,0

< 45,6

Respiração espasmódica; movimentos convul-sivos; morte em minutos

Fonte: Revista CIPA No 172

Por outro lado, em condições de pressão atmosférica elevada haverá maior absorção sangüínea dos gases que compõem o ar e concomitantemente pelas células dos tecidos. Com a redução da pressão esses gases tendem a ser liberados, daí os problemas de embolia gasosa e morte gerados pelo nitrogênio quando da redução brusca da pressão.

O aumento da pressão atmosférica por si só, pode gerar danos como os descritos a seguir:

a) acima de 4 atmosferas*, o nitrogênio causa efeitos narcóticos;

b) a 5 atmosferas, o oxigênio, em concentração normal, causa irritação nos pulmões;

c) a 15 atmosferas, o ar pode ser tolerado por apenas 3 horas.

(*) 1 atmosfera = 1 bar = 760 mmHg (ao nível do mar).

Causas geradoras da deficiência de oxigênio

Neste item estão abordados os casos normalmente encontrados nos atendimentos emergenciais que podem ocasionar a redução na concentração de oxigênio contida no ar.

Embora cada cenário tenha suas características particulares que deverão ser observadas, podem-se adotar como causas básicas da deficiência de oxigênio, as descritas a seguir:

  • A liberação acidental de gases, cuja densidade é maior que a do ar atmosférico, resulta em deslocamento do ar e por conseguinte do oxigênio nele contido. A tendência para deposição desses gases ao nível do solo expulsa o ar para os níveis mais altos, formando uma zona irrespirável. São exemplos desses gases o GLP - gás liqüefeito de petróleo e o cloro.

Esse efeito é potencializado quando ocorre em ambientes confinados, onde não há fontes de ventilação para promover a renovação de ar respirável, criando-se uma atmosfera saturada e deficiente de oxigênio.

As características toxicológicas do gás envolvido, embora relevantes, não são consideradas nesses casos, já que até mesmo os gases inertes podem gerar o deslocamento do ar.

  • Gases liqüefeitos sob pressão, quando da mudança do estado líquido para o gasoso, têm normalmente altas taxas de expansão podendo deslocar o ar. É o caso da amônia e do butadieno.

  • Alguns gases podem concorrer para o decréscimo do volume de oxigênio, especificamente por sua capacidade de reação com o mesmo, como é o caso do monóxido de carbono, monóxido de nitrogênio, dióxido de nitrogênio e o dióxido de enxofre.

  • Em atmosferas confinadas encontradas em galerias subterrâneas de águas pluviais ou de redes de esgotos, desenvolvem-se microrganismos (bactérias e fungos) responsáveis pela decomposição da matéria orgânica presente nos despejos industriais e domésticos. No processo de decomposição o oxigênio é consumido, podendo gerar como subprodutos gases como o metano, sulfídrico e dióxido de carbono que deslocam o oxigênio.

Os materiais orgânicos destes ambientes também estão sujeitos à oxidação natural, contribuindo para a diminuição da concentração de oxigênio. Os despejos industriais podem conter gases que por si só deslocam o ar.

  • A combustão de qualquer material provoca consumo de oxigênio e emanação de gases que deslocarão o ar, sobretudo em ambientes confinados.

  • Qualquer substância sujeita à oxidação num ambiente confinado, após certo período de tempo, provoca a redução de oxigênio se não houver renovação do ar.

Considerações gerais

Nos atendimentos às emergências com produtos perigosos, utiliza-se como valor limite de segurança a concentração, internacionalmente aceita de 19,5% em volume de oxigênio, pois fica implícito que qualquer redução na concentração normal de oxigênio, implica no aumento da concentração de outro gás.

Assim, a redução de 1% em volume de oxigênio no ar (equivalente a 10.000 ppm) representa um aumento de 1% em volume na concentração de outra substância, muitas vezes desconhecida, o que pode significar uma situação de alto risco.

A avaliação quantitativa da concentração de oxigênio no ar é fator preponderante na seleção dos métodos eficazes de proteção respiratória. Aparelhos específicos fornecem o percentual em volume de oxigênio em determinado ambiente. A análise dos dados obtidos permite a identificação de condições prejudiciais ou mesmo letais ao homem.

Ar respirável em condições normais significa:

  1. Conter, no mínimo, 18 % em oxigênio;
  2. Estar livre de substâncias estranhas;
  3. Estar na pressão e temperatura que não causem lesões ao organismo humano.

Contaminantes

São todas substâncias alheias à composição normal do ar atmosférico, que podem gerar irritações ou danos ao organismo humano. Embora em muitos casos não sejam perceptíveis à visão e olfação, podem estar presentes nos vários cenários com que se deparam as equipes de emergência.

Os contaminantes são comumente divididos em dois grupos: os gasosos e os particulados, também conhecidos como aerodispersóides.

Contaminantes gasosos

São representados pelos gases propriamente ditos e pelos vapores.

Os gases são substâncias químicas que se encontram no estado gasoso em pressão e temperatura ambiente. Possuem grande mobilidade e misturam-se facilmente ao ar atmosférico.

Vapor é o estado gasoso de substâncias que em condições de pressão e temperatura ambiente, são líquidas ou sólidas. A emanação de vapor ocorre pelo aumento da temperatura ou pela redução da pressão.

As defesas naturais das vias respiratórias oferecem certa proteção contra os riscos gerados pela inalação dessas substâncias, quer seja através da filtragem de parte dos gases e vapores, como pela atuação do revestimento mucoso, onde serão absorvidos.

Devido à grande mobilidade das moléculas gasosas, a penetração no trato respiratório é facilitada, atingindo diretamente os alvéolos onde são absorvidas pela corrente sangüínea.

Na seqüência são abordadas as características químicas e toxicológicas dos contaminantes gasosos.

Aerodispersóides

Aerodispersóide é um termo usado para descrever os contaminantes na forma particulada (sólida ou líquida). São pequenas partículas em suspensão no ar, muito maiores que uma molécula. Os danos que causam ao organismo quando inalados dependem de suas características, tais como: tamanho, forma, densidade e propriedades físicas e químicas.

Apesar das defesas naturais do sistema respiratório abordadas anteriormente, muitas partículas podem atingir as porções mais internas dos pulmões.

Critérios de avaliação

A avaliação dos riscos representados pelos contaminantes é feita com base nas aferições de concentração obtidas por aparelhos de medição.

Em algumas circunstâncias, além dos gases e vapores pode haver o risco associado a aerodispersóides, quando deverão ser adotadas medidas de segurança adicionais.

Genericamente, pode-se dizer que os principais tópicos a serem observados quanto ao risco dos contaminantes, são:

  • tempo de exposição;
  • concentração do contaminante;
  • toxicidade;
  • frequência respiratória e capacidade pulmonar;
  • sensibilidade individual.

Equipamento de Proteção respiratória

São equipamentos destinados a proteger o usuário dos riscos representados pela presença de contaminantes no ar ambiente. O método pelo qual eliminam ou diminuem o risco respiratório baseia-se fundamentalmente na utilização de uma peça facial que isola o usuário do ar contaminado e de um sistema de purificação ou de suprimento de ar respirável.

O sistema de purificação consiste basicamente de um elemento filtrante que retém o contaminante e permite a passagem do ar purificado. Já o sistema de suprimento de ar, fornece ar respirável ou oxigênio a partir de uma fonte independente da atmosfera contaminada.

Tipos de Equipamentos de Proteção Respiratória

Dependentes:

São máscaras faciais ou semi faciais que atuam com elementos filtrantes, removendo do ambiente contaminado o ar necessário para respiração.

Esses equipamentos possuem algumas restrições quanto ao uso, dentre as quais pode-se destacar:

  • não se aplicam a ambientes com menos de 18 % de oxigênio;
  • possuem baixa durabilidade em atmosferas saturadas de umidade;
  • não devem nunca ser utilizados em condições desconhecidas.

Independentes

Normalmente, são conjuntos autônomos portáteis ou linhas que fornecem o ar necessário ao usuário, independentemente das condições do ambiente de trabalho (grau de contaminação). Propiciam o isolamento do trato respiratório do usuário da atmosfera contaminada.

    QUADRO GERAL DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA
    TIPOS DE EQUIPAMENTOS

Elemento filtrante

Os elementos filtrantes (filtros) são confeccionados de materiais apropriados para a remoção de contaminantes específicos. De acordo com o contaminante a ser removido, os filtros podem ser do tipo químico, mecânico ou combinado (mecânico e químico).

a) Filtro mecânico

É utilizado para a proteção contra materiais particulados, sendo normalmente confeccionado em material fibroso, cujo entrelaçamento microscópico das fibras retém as partículas e permite a penetração do ar respirável.

Segundo o Projeto de Norma 2:11-03-006 ABNT, os filtros mecânicos podem ser classificados em função de sua capacidade de filtração, conforme descrito a seguir:

Classe P1 Para uso contra aerodispersóides gerados mecanicamente. As partículas podem ser sólidas ou líquidas geradas de soluções ou suspensões aquosas. São indicados entre outros, contra poeiras vegetais: algodão, bagaço de cana, madeira, celulose e carvão vegetal, grãos e sementes, poeiras minerais como sílica, cimento, amianto, carvão mineral, negro de fumo, bauxita, calcário, coque, fibra de vidro, ferro, alumínio, chumbo, cobre, zinco, manganês e outros materiais, e ainda névoas aquosas de inorgânicos: névoas de ácido sulfúrico e soda cáustica. Possuem pequena capacidade de retenção.
Classe P2

Para uso contra aerodispersóides gerados mecanicamente (poeiras e névoas) e termicamente (fumos). Além dos contaminantes indicados para o filtro P1, os filtros P2 são eficientes na retenção de fumos metálicos, como solda ou provenientes dos processos de fusão de metais que contenham ferro, manganês, cobre, níquel e zinco. São ainda indicados contra névoas de pesticidas com baixa pressão de vapor, que não contenham vapores associados.

Esses filtros são ainda classificados em categorias "S" ou "SL", de acordo com a sua capacidade para reter partículas líquidas oleosas ou não. Os da categoria "S" são indicados para os contaminantes anteriormente citados e os da categoria "SL" podem ser utilizados para proteção contra névoas oleosas e para os contaminantes da categoria anterior. Possuem capacidade média de retenção.

Classe P3

Para uso contra aerodispersóides gerados mecanicamente e termicamente, incluindo os tóxicos. Pertencem a esta categoria de contaminantes tóxicos, entre outros, as poeiras, névoas e fumos de arsênico, berílio, sais solúveis de platina, cádmio, rádio, prata, urânio e seus compostos e os radionúclideos. Os filtros P3 da mesma forma que os filtros P2, também são divididos nas catergorias "S" ou "SL". Possuem grande capacidade de retenção.

Obs: A proteção propiciada por uma determinada classe de filtros compreende também a proteção fornecida pelo filtro da classe anterior.

Aparelhos Purificadores

Equipamentos com filtros mecânicos - Máscaras contra suspensões particuladas (respiradores):

Características:

· Oferecem proteção contra material particulado (pó), dispersos no ambiente, e fumos com retenção mínima de aproximadamente 95% ;

· São Confeccionados de máscara semi facial (meia máscara) que permite perfeita hermeticidade; tirantes, válvulas de inspiração e expiração, e um ou dois alojamentos para os filtros;

· Os filtros variam em eficiência de filtração, segundo o material particulado que se deseja reter.

Há basicamente 4 classes: para material incômodo (poeiras inertes), para poeiras pneumoconióticas, para fumos metálicos e para partículas extremamente finas como o berílio, materiais radioativos e certo vírus.

Observações:

· São dispositivos para situações de não emergência, entretanto mais para exposições de média duração, do que para exposição continuada;

· A vida útil relaciona-se principalmente com a atividade do usuário e a concentração do aerodispersóide no ambiente;

· Exemplo de aplicação: Fundições, Carvoarias, Frigoríficos, Petroquímicas, Avícolas, Hospitais, Laboratórios e Pedreiras.

Limitações:

  • Não oferecem proteção contra gases ou vapores tóxicos;
  • Não devem ser utilizados em atmosferas deficientes de oxigênio;
  • Não devem ser utilizados em operações de jateamento abrasivo (usar equipamento específico).

Fonte: MSA do Brasil – Equipamentos e Instrumentos De Segurança Ltda.

b) Filtro químico

É o filtro utilizado para a proteção contra gases e vapores. O processo de funcionamento baseia-se na adsorsão dos contaminantes gasosos por meio de um elemento filtrante, normalmente o carvão ativo. Alguns filtros químicos utilizam adicionalmente elementos químicos (sais minerais, catalisadores ou alguns alcalinos) que melhoram o processo de adsorsão.

A quantidade (concentração) do contaminante que o filtro pode reter, depende da qualidade do elemento filtrante, granulometria, massa filtrante (quantidade) e do tipo do contaminante, influindo também a temperatura e umidade.

O Projeto de Norma 2:11-03-006 - ABNT estabelece os tipos de filtros de acordo com o contaminante gasoso contra o qual se deseja proteção, como descrito a seguir:

- filtros para vapores orgânicos: são indicados contra certos vapores orgânicos, conforme especificação do fabricante;

- filtros para gases ácidos: são indicados contra certos gases ou vapores ácidos inorgânicos, conforme especificação do fabricante (excluindo o monóxido de carbono);

- filtros para amônia: indicados contra amônia e compostos orgânicos de amônia, conforme especificação do fabricante;

- filtros especiais: indicados contra contaminantes específicos não incluídos nos tipos anteriores, como por exemplo mercúrio, cloreto de vinila, fosfina, gás sulfídrico, ácido cianídrico, óxido de etileno, monóxido de carbono e defensivos agrícolas.

Os filtros acima mencionados podem se apresentar de forma combinada, oferecendo proteção contra mais de um tipo de contaminante gasoso.

Considerando-se a capacidade de retenção, os filtros são classificados em três tamanhos:

Classe 1 - cartuchos pequenos, para contaminantes gasosos em baixas concentrações;

Classe 2 - cartuchos médios, para contaminantes gasosos em médias concentrações;

Classe 3 - cartuchos grandes, para contaminantes gasosos em altas concentrações.

A tabela abaixo demonstra a máxima concentração de uso dos filtros químicos.

Concentração de uso

Classe

do

Filtro

Cartucho

Tipo

Concentração máxima (ppm)

Peça facial compatível

Observação

1

 

 

Pequeno

Vapor Orgânico Amônia
Metilamina
Gases ácidos Ácido clorídrico Cloro

1000

300
100
1000
50
10

1/4, 1/2, 1/1

ou bocal

 

 

A, B e C


A, B e C

2

Médio

Vapor orgânico

Amônia

Gases ácidos

5000


5000

5000

1/1

A e C


A e C

A e B

3

Grande

Vapor orgânico

Amônia

Gases ácidos

10000


10000

10000

1/1

A e C


A e C

A e C

Fonte: Projeto de Norma 2:11.03-006/1990 ABNT

(A) Não usar contra vapores orgânicos ou gases ácidos com fracas propriedades de alerta (ver definição no anexo I), ou que gerem alto calor de reação com o conteúdo do cartucho.
(B) A concentração máxima de uso não pode ser superior ao I.P.V.S. (imediatamente perigoso à vida ou à saúde)
(C) Para alguns gases ácidos e vapores orgânicos, essa concentração máxima de uso é mais baixa

Adota-se também um código de cores para os filtros químicos, em função do tipo de contaminante gasoso para o qual foi projetado. As Tabelas abaixos apresentam os códigos de cores adotados pela NIOSH - National Institute for Occupational Safety and Health e pelo CEN - Comitê Europeu de Normalização.

3) Filtros combinados

São utilizados para proteção contra contaminantes gasosos e particulados simultaneamente. São constituídos portanto, pela combinação de um filtro mecânico sobreposto a um filtro químico.

Dependendo da peça facial utilizada, podem estar dispostos em cartuchos separados; porém, o detalhe construtivo da peça deve permitir que o ar contaminado passe primeiro pelo filtro mecânico e posteriormente pelo filtro químico. A disposição do filtro em cartuchos distintos é preferível, pois geralmente o filtro mecânico satura primeiro.

Vida útil do filtro

Os elementos filtrantes têm capacidade finita para remover contaminantes e quando seu limite é atingido, os filtros começam a saturar. No caso dos filtros químicos, atingindo o ponto de saturação, o elemento filtrante permitirá progressivamente a passagem do contaminante até o interior da peça facial. Nos filtros mecânicos a impregnação de partículas imporá resistência à respiração.

O período de tempo que um filtro efetivamente retém o contaminante é conhecido como vida útil. De acordo com o Projeto de Norma 2:11.03-006/1990 (ABNT), os filtros quando ensaiados devem apresentar a vida útil mínima conforme os dados da Tabela abaixo. Para maiores detalhes sobre as condições em que são efetuados os ensaios (concentração de teste, concentração limitante, vazão, etc), o Projeto de Norma citado deve ser consultado.

Vida Útil Mínima

Filtro (tipo e classe)

Vida útil mínima

(minutos)

Classe 1

 

Vapor orgânico
Gás ácido
Amônia

80
20
50

Classe 2

 

Vapor orgânico
Gás ácido
Amônia

40
20
40

Classe 3

 

Vapor orgânico

Gás ácido

Amônia

60
30
60

Filtros Especiais

 

NO (P3)

Hg (P3)

Defensivos agrícolas

Classe/Tipo

1-P2
1-Hg
2-P3
3-P3
3–CO

20

6000

 

 

50

300

9

12

60

Fonte: Fonte Projeto de Norma 2:11.03-006/1990 (ABNT)

Nota:    Se um filtro é uma combinação de dois ou mais tipos, a vida útil mínima exigida fica dividida pela metade

A vida útil de um determinado tipo de filtro depende de vários fatores, como os descritos a seguir:

a) Frequência respiratória

Influi na vida útil do filtro, pois quanto maior for a frequência respiratória do usuário, tanto maior será a quantidade de contaminante em contato com o elemento filtrante num dado período de tempo, com isto aumenta-se a taxa de saturação.

b) Concentração do contaminante

A expectativa de vida útil de um filtro diminui conforme aumenta a concentração do contaminante no ambiente, já que há maior quantidade desse em contato com o elemento filtrante.

c) Eficiência do filtro

A capacidade do filtro químico em remover o contaminante do ar pode variar numa mesma família química. A tabela abaixo compara a eficiência dos filtros para vapores orgânicos com certos solventes, em função do tempo necessário para se atingir a penetração de 1% do contaminante no ar filtrado. A concentração inicial de teste é 1.000 ppm de vapor de solvente, enquanto que a concentração de penetração é 10 ppm.
Convém ressaltar que as propriedades de alerta de um determinado filtro, ou seja, a forma como se dará a percepção humana, quanto ao fim de sua vida útil, nem sempre são completamente seguras.
Normalmente, o usuário percebe o aumento da resistência imposta à respiração, ou sentirá o odor, ou ainda irritação das vias respiratórias. Porém, em alguns casos, principalmente nos contaminantes gasosos, isso pode não ocorrer, conforme mencionado no item 5.3.1.3 - L.P.O.
Para estes casos em que as propriedades de alerta do contaminante não são confiáveis é necessário que o filtro possua indicador visual ou sonoro que indique o término de sua vida útil.

Equipamentos com Filtros Químicos - Máscaras contra gases ou vapores:

Características:

  • Constam de peça facial inteira ou de meia-máscara: tirantes, válvulas de inspiração e expiração;
    No caso de peça facial inteira, o elemento filtrante poderá ser conectado através de uma traquéia ou diretamente a esta.
  • Na estrutura semi facial tipo "respirador", podem constar um ou dois filtros de dimensões reduzidas, em relação ao modelo portado à cintura;
  • Os filtros oferecem proteção para uma substância ou classe de substâncias, de forma específica; não podem, portanto, ser usados indiscriminadamente contra quaisquer gases ou vapores, sem a adequada verificação prévia.
  • Sua autonomia depende: 1 - da capacidade (tamanho do elemento); 2 - da concentração do contaminante; 3 - da atividade respiratória do usuário;
  • Existem filtros "universais" especiais, que prevêem vários contaminantes.

Observações:

  • Filtros comuns, pequenos, protegem até concentrações de 0,1% (1000 ppm); os filtros portados podem oferecer proteção até 2% (20.000 ppm);
  • No caso de ação do contaminante sobre a pele e olhos, prover proteção complementar (vestimentas e máscara facial total);

A autonomia dos equipamentos pode variar de frações de hora até uma hora, de maneira geral.

Limitações:

  • Não devem ser utilizados em atmosferas deficientes de oxigênio;
  • Não devem ser usados contra substâncias extremamente tóxicas, mesmo em baixas concentrações;
  • Não utilizar estes equipamentos em locais confinados, onde podem ocorrer "picos" de concentração de contaminantes.

Fonte: MSA do Brasil – Equipamentos e Instrumentos De Segurança Ltda.

Equipamentos com Filtros Combinados - Máscaras para associações de partículas e formas gasosas:

Características:

  • Permitem a proteção para os casos onde se têm suspensões particuladas aliadas a gases ou vapores nocivos;
  • O filtro de particulados é colocado em posição anterior ao filtro químico, de maneira a impedir sua obstrução pela poeira aspirada;
  • Pode-se contar com as mesmas alternativas de estruturas facial e disposição dos elementos filtrantes, que as descritas nos equipamentos individuais;
  • São válidas para o elemento filtrante químico, as mesmas considerações sobre sua especificidade, não podendo ser feito uso indiscriminado em relação à proteção oferecida.

Observações:

  • No caso de ação dos contaminantes sobre a pele e mucosas, prover proteção complementar (vestimentas e proteção ocular);
  • São aplicações típicas: na pintura à pistola e no uso (pulverizações) de inseticidas;
  • A autonomia é restrita ao elemento que ficar saturado antes, que deverá ser substituído.

Limitações:

  • Não devem ser utilizados em atmosferas deficientes de oxigênio;
  • Não devem ser usados contra substâncias extremamente tóxicas, mesmo em baixas concentrações;
  • Não devem ser utilizados em locais confinados, onde podem ocorrer "picos" de concentração de contaminantes.

Fonte: MSA do Brasil – Equipamentos e Instrumentos De Segurança Ltda.

Aparelhos de Isolamento

Equipamentos autoprotetores ou autônomos:

Equipamento autônomo a cilindro de ar:

Características:

  • Constam de um cilindro de alta pressão, um regulador de pressão, dispositivo de dosagem de fluxo à demanda, uma traquéia, peça facial com válvula de expiração, tirantes no cilindro de alta pressão e na peça facial;
  • Funcionamento em circuito aberto, isto é, ar expirado é descarregado ao exterior;
  • Devem conter dispositivo de alarme para queda de pressão;
  • Tempo de operação varia de frações de hora até aproximadamente uma hora, dependendo da atividade física e familiaridade do usuário com o equipamento;
  • Tratando-se de equipamento autônomo, não apresenta restrição quanto ao ambiente, seja no caso de contaminantes ou de deficiência de oxigênio.

Observações:

  • Seu emprego se adapta mais às situações de emergência, como resgates e manutenções especiais, dado o tempo limitado de operação;
  • São equipamentos mais pesados que os autônomos e oxigênio puro, que trabalham em circuito fechado;
  • No caso de absorção de contaminante pela pele, prover proteção complementar.

Limitações:

  • Considerar a limitação de mobilidade e capacidade de carregar pesos que afetam o usuário em sua utilização;
  • O tempo de operação é, em si, uma limitação que deve ser adequadamente levada em conta; o usuário deve estar bem ciente da construção, uso, controle e limitações do equipamento, e maneira de atingir rapidamente atmosferas seguras.

Fonte: MSA do Brasil – Equipamentos e Instrumentos De Segurança Ltda.

Equipamentos de adução ou provisão de ar:

Equipamento a ar aspirado por depressão respiratória:

Aparelhos com adução de ar

Estes equipamentos suprem o oxigênio ou ar necessários ao homem, independente do meio onde esteja trabalhando, ou seja, isolam o usuário da atmosfera circundante.

Comparados aos purificadores de ar, oferecem maior proteção ao usuário, pois operam com suprimento de ar respirável, não dependendo de sistemas de filtragem para a remoção dos contaminantes.

O suprimento é feito através de uma linha ou tubulação onde o ar provém de uma fonte externa ao ambiente contaminado. Essa fonte pode ser uma bateria de cilindros, compressores, ventoinha manual ou elétrica, ou ainda pela simples ação respiratória do usuário.

O ar respirável também pode ser fornecido a partir de cilindros de ar comprimido ou sistemas que o liberem quimicamente, ambos portados pelo usuário.

Características:

  • Constam de peça facial à qual se conecta uma traquéia, ligada a altura da cintura do usuário a uma mangueira ou tubulação de diâmetro relativamente grande (20 a 25 mm);
  • O ar é trazido de uma atmosfera segura através da ação respiratória do usuário, limitando-se o comprimento da tubulação para assegurar-se uma respiração adequada. (Esse limite varia conforme o autor, desde 7,5 até 22 metros);
  • Não exigem muita manutenção e apresentam-se sempre prontos para uso (não necessitam de fontes de ar ou oxigênio comprimidos, que podem não ser disponíveis imediatamente);

Observações:

  • Cuidados devem ser tomados na captação (extremidade da mangueira), quanto à sua obstrução, contato com o solo e devida sinalização;
  • As mangueiras devem ser resistentes a derivados de petróleo e ao impacto por queda de objetos (construção reforçada).

Limitações:

  • Não devem ser utilizados em atmosferas imediatamente perigosas à vida (contaminantes altamente tóxicos mesmo em baixas concentrações/ deficiência de oxigênio), pois, uma vez que existe dependência do usuário ao suprimento externo, este deve poder abandonar o local sem a máscara;
  • Movimentação e raio de ação limitados pela tubulação.

Fonte: Drager Industria e Comércio Ltda.

Equipamentos a ar insuflado ou de linha de ar:

Características:

  • Mascaras com Linha de Ar Fluxo Contínuo e Pressão de Demanda:

As Máscaras Linha de Ar Fluxo Contínuo e Pressão de Demanda são alimentadas por um fluxo de ar comprimido interligado ao compressor e/ou através de provedor de ar. Os equipamentos trabalham com uma pressão variadas, sendo a de Fluxo Contínuo de 2,0 a 2,5 Kgf/cm2 e a Pressão de Demanda de 5,0 a 7,05 Kgf/c, com uma vazão constante de 60 litros por minuto. As mangueiras são fabricadas com produtos atóxicos, em comprimentos que variam de 5, 10 e 20 m.

Estas mascaras podem ser mascaras Semi Facial e/ou Facial, podem trabalhar com pressão positiva, que previne uma eventual infiltração de ar contaminado no seu interior.

As mascara facial, pode ser dotada de um regulador de demanda (pressão positiva), com acionamento automático (após a primeira inalação do usuário) e bloqueador semi-automático, sendo conectado à peça facial através de um sistema de Engate Rápido.

Observações:

  • Cuidados devem ser tomados na captação (extremidade da mangueira), quanto à sua obstrução, contato com o solo e devida sinalização;
  • As mangueiras devem ser resistentes a derivados de petróleo e ao impactos de objetos (construção reforçada).

Limitações:

Mascara Semi Facial conectada a linha de ar com fluxo de ar contínuo e/ou pressão de demanda:

  • Não devem ser usadas em atmosferas altamente saturadas por gases e ou vapores;
  • Não devem ser usadas em locais com material particulado em suspensão no ar, bem como riscos de respingos de produtos químicos;
  • Não devem ser usadas em locais onde os riscos do contaminante existente na atmosfera sejam desconhecidos;
  • Movimentação e raio de ação limitados pela tubulação;

Mascara Facial conectada a linha de ar com fluxo de ar contínuo e/ou pressão de demanda:

  • Movimentação e raio de ação limitados pela tubulação;
  • Operações que exigiam esforço físico, deverá ser levado em consideração no sentido de que seja verificado se esta não irá trazer nenhum comprometimento o uso do equipamento.

Mascaras com Linha de Ar Fluxo contínuo:

Fonte: MSA do Brasil – Equipamentos e Instrumentos De Segurança Ltda.

Mascara com Linha de Ar Pressão de Demanda:

Fonte: MSA do Brasil – Equipamentos e Instrumentos De Segurança Ltda.

Mascaras com Linha de Ar

Fonte: MSA do Brasil – Equipamentos e Instrumentos De Segurança Ltda.

Seleção de Respiradores

A escolha do equipamento de proteção respiratória adequado para a proteção das equipes de emergência, depende basicamente da avaliação prévia das variáveis presentes no ambiente onde se desenrolarão as atividades.

Aspectos a serem observados na seleção da proteção respiratória

Os seguintes fatores serão levados em conta na seleção do tipo mais adequado:

Quanto ao Risco
  • Porcentagem de Oxigênio no Ambiente
  • Existência de Contaminantes - Classe Toxicológica
  • Concentração no Ambiente
Quanto ao Ambiente
  • Confinamento do Ambiente (poços, silos, porões)
  • Posição do ambiente em relação a atmosferas seguras (distância e acessibilidade)
  • Arranjo Físico e limitações de mobilidade
Quanto à Atividade
  • Características da Operação (mobilidade necessária / Freqüência )
  • Atividade Respiratória do Operador (Atividade Física)
Uso pretendido da Proteção
  • Necessária durante toda a permanência no ambiente(uso Contínuo)
  • Uso em emergências
  • Uso apenas durante a operação (uso intermitente)

Na seqüência, são pormenorizados cada um dos fatores acima citados.

  • Atividade física a ser desenvolvida

A atividade do usuário é fator de extrema importância na seleção do melhor equipamento, quer seja autônomo, com filtro químico, com filtro mecânico ou com mangueira de ar.

Deve-se levar em conta se a atividade física a ser desenvolvida é considerada um trabalho leve, médio ou pesado, pois o esforço exigido do usuário e do respirador podem reduzir drasticamente a vida útil do equipamento. Por exemplo, o volume de ar respirado por um homem andando a uma velocidade de 6,5 km/h é três vezes maior do que o respirado por um homem parado. Nesta situação, o consumo de ar nas máscaras autônomas é maior, os filtros químicos são exauridos em tempo menor e os filtros mecânicos são obstruídos com maior facilidade e rapidez. Isto se aplica a todos os tipos de equipamento de proteção respiratória, exceto para os com linha de ar.

Nos casos onde é necessário o uso de roupas de encapsulamento, o desgaste físico está potencializado pela perda de líquido do organismo. O uso do equipamento em condições adversas, tais como ruído, calor, umidade, entre outras, as quais tendem a aumentar o desgaste físico, podem provocar efeitos adversos à saúde do usuário, comprometendo o desenvolvimento da atividade, bem como o tempo de permanência no local.

  • Monitoramento periódico

Dada a imprevisibilidade dos cenários encontrados nos atendimentos a emergências, torna-se necessário monitorar as concentrações do contaminante e de oxigênio periodicamente, durante o tempo em que as equipes estejam na área de risco.

Qualquer alteração significativa requer a adoção de medidas complementares ou mesmo a substituição do equipamento por outro mais efetivo para as condições detectadas.

Outro fator a ser considerado quando da seleção do EPR, é sua aprovação por meio de ensaios; ou seja, os equipamentos de proteção respiratória devem ter sido aprovados em ensaios para determinado tipo e concentração de contaminante, além dos testes de resistência dos vários componentes. Tanto a capacidade de retenção dos filtros, como a qualidade do ar ou do oxigênio dos aparelhos com suprimento, devem estar de acordo com as normas vigentes. Igualmente, os respiradores devem ter sido submetidos aos ensaios de vedação pertinentes.

Manutenção de Equipamentos

A manutenção de equipamentos de proteção respiratória deve ser programada de acordo com o tipo de uso. Os equipamentos empregados para uso individual e rotineiro devem possuir um programa de manutenção diferente dos equipamentos destinados ao atendimento de emergências. Embora os programas sejam diferenciados, possuem o mesmo nível de importância, tendo em vista os fins a que se destinam.

Há que se ressaltar que todo e qualquer programa de manutenção deve ser feito por pessoas treinadas e devidamente conscientizadas da importância do trabalho. Um programa de manutenção de proteção respiratória consiste basicamente de três itens:

  • manutenção e inspeção;
  • limpeza e higienização;
  • armazenamento.

Inspeção

As inspeções, quando bem processadas, minimizam a probabilidade da ocorrência de falhas dos equipamentos e ajudam a fixar no usuário a mentalidade da importância da segurança. A frequência para a sua realização (diária, semanal, mensal, etc) depende do tipo de equipamento utilizado, atividade e risco.

Os respiradores usados rotineiramente devem ser cuidadosamente inspecionados. Uma boa vistoria realizada pelo usuário diariamente antes de usá-lo, para certificar-se que tudo está em boas condições, é de vital importância para sua proteção. Essa inspeção visual deve indicar as condições de válvulas e membranas, de modo a permitir a remoção de sujeiras ou quaisquer outras impurezas que possam causar vazamentos.

Os equipamentos, como por exemplo máscaras autônomas, devem ser rigorosamente controlados quanto as datas de inspeções, manutenções preventivas e os defeitos encontrados, e anotados em fichas de registro individuais. Cuidados redobrados são necessários no que tange ao controle da reutilização de filtros.

A manutenção de máscaras autônomas deve receber um tratamento diferenciado com relação aos demais respiradores, em virtude da complexidade dos seus componentes. Os fabricantes em geral recomendam testar este equipamento antes do seu uso quanto ao funcionamento dos reguladores, válvulas, alarme e outros dispositivos de alerta, peça facial, traquéia e válvula de exalação

5. Considerações finais

Os Equipamentos de Proteção Individual, usualmente identificados pela sigla ‘EPI’, formam um conjunto de recursos amplamente empregado para proteger a integridade física do trabalhador no exercício de suas atividades.

Neste sentido, é de suma importância que nas operações de emergência que envolvam produtos químicos, os EPIs sejam definidos a partir de critérios técnicos, de acordo com os riscos apresentados pelos produtos envolvidos, tamanho do vazamento, locais atingidos e serviços a serem realizados, após a avaliação de campo especialistas.

Os EPIs devem ser utilizados por pessoas devidamente treinadas e familiarizadas com eles, uma vez que a escolha ou a utilização errada pode acarretar conseqüências indesejáveis.

O ingresso em áreas onde existam riscos de explosão, ocasionado por substâncias perigosas deve ser realizado sempre por, no mínimo, duas pessoas devidamente protegidas, tendo suas atividades acompanhadas permanentemente por uma equipe de retaguarda.

Em caso de dúvida quanto às características dos produtos envolvidos e aos riscos que oferecem, deve-se evitar adentrar as áreas consideradas perigosas. No entanto, se a gravidade da situação exigir a adoção de uma medida imediata, sempre se deverá optar pela proteção máxima, ou seja proteção do crânio, roupas herméticas (incluindo luvas e botas soldadas) e conjunto autônomo de respiração a ar comprimido.

O uso dos EPIs poderá levar a desgastes físicos, principalmente as roupas que poderão ocasionar a desidratação do usuário. Quando destas situações, os técnicos devem ser orientados para adotarem ações prévias para evitar problemas físicos que podem interferir na segurança da atividade desenvolvida.

Todos os equipamentos de proteção devem ser higienizados e rotineiramente inspecionados, de foram minuciosa, para detecção desgastes e possíveis avarias. Um equipamento de proteção mal selecionado e/ou avariado, pode aumentar o risco de acidentes e não evitá-los.

Convém destacar, que no desenvolvimento de atividades emergenciais, além dos riscos inerentes

à respectiva atividade, outros fatores devem ser considerados para a utilização dos EPIs, tais como:

  • o nível de atividade física do usuário;
  • as condições físicas do usuário;
  • o nível de treinamento ou experiência que o usuário tem com tais equipamentos.

Outro aspecto que deve ser levado em consideração diz respeito às roupas contaminadas durante o atendimento a situações emergenciais com produtos químicos, as quais devem ser descontaminadas ainda no local do atendimento, o que pode ser feito com o uso de mangueiras ou nebulizadores de água antes que o usuário as retire. Este procedimento assegurará uma maior vida útil e evitará que ocorra a contaminação das próximas pessoas que utilizarem estes equipamentos.

Finalmente, vale lembrar que todo equipamento de proteção deve ser:

  • armazenado de modo que se evite seu dano por acidente;
  • guardado em local de fácil acesso; e
  • inspecionado e reparado periodicamente, repondo-o sempre que necessário.

6. Bibliografias

  • FUNDACENTRO, Equipamento de Proteção Individual, São Paulo, 1981, 92 p.

  • FILHO, L. F. R., Curso de Engenharia de Segurança do Trabalho, FUNDACENTRO, São Paulo, 1981, V. II, p. 399.

  • BRASIL. Portaria No 3214, de 8 de junho de 1978. Regulamenta as Normas Regulamentadoras do Capítulo V, do Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à segurança e medicina do trabalho.

  • Haddad, Edson & Minnitti, Vivienne, Roupas, Luvas e Botas de Proteção Química, Trabalho Técnico da CETESB, São Paulo, 1995.

  • Silva, Ronaldo de Oliveira & Teixeira, Mauro de Souza, Proteção Respiratória, Trabalho técnico da CETESB, São Paulo, 1996

Catálogos :

  • MSA do Brasil - Equipamentos e Instrumento de Segurança Ltda., Catálogo, 01 – JUL/00.

  • Duráveis – Equipamento de Segurança Ltda.

  • Produtos para Segurança e Proteção à Saúde 3M do Brasil Ltda.

  • DRAGER Industria e Comércio Ltda.

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